Documentário em fase de
financiamento coletivo vai retratar violações cometidas contra as mulheres na
construção de barragens no Brasil, através de uma técnica de bordado utilizada
como resistência à ditadura militar chilena.
Desde o início de 2013, o
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem resgatando uma antiga técnica
de bordado para elaborar um relato das violações de direitos humanos praticadas
em áreas atingidas por grandes projetos de barragens.
A técnica das arpilleras surgiu
em Isla Negra, no Chile, mas ganhou uma dimensão política no período da
ditadura militar no país (1973 a 1990). Mulheres do subúrbio de Santiago se
apropriaram dessa ferramenta para desenvolver uma narrativa contra a repressão
comandada por Augusto Pinochet.
O MAB partiu desta experiência
para realizar mais de 100 oficinas em dez estados brasileiros, com
aproximadamente 900 mulheres atingidas por barragens. Com o bordado e o resgate
do exemplo das chilenas, grupos de mulheres produziram um relato sobre as
diversas formas de violência sofridas. No Brasil, segundo o último levantamento
realizado pela Comissão Mundial de Barragens, feito em 2000, mais de um milhão
de pessoas já foram afetadas por barragens. Destas, 70% não foram contempladas com
nenhuma forma de reparação. Especialmente às mulheres, as violações são ainda
maiores.
Com o inchaço populacional
repentino nas regiões que recebem as obras, há uma comprovada ampliação nos
casos de assédio sexual, tráfico de mulheres, prostituição e estupro. Com o
início da construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, por exemplo,
Porto Velho (RO) registrou um aumento de 208% nos casos de estupros em apenas
dois anos, segundo o relatório da Plataforma Brasileira de Direitos Humanos
Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DHESCA).
O documentário Arpilleras:
bordando a resistência, aberto para financiamento coletivo no Catarse, busca
resgatar essa experiência do bordado contra a opressão de gênero nas áreas
atingidas por barragens. A ideia do filme é costurar uma arpillera coletiva de
norte a sul, na qual uma mulher de cada região do Brasil narre o impacto das
barragens em suas vidas.
Fonte: http://www.fisenge.org.br/
Mais informações: https://www.catarse.me/pt/arpilleras
Nenhum comentário:
Postar um comentário