A degradação da rua Guaicurus
acompanhou uma tendência em todo o Baixo Centro e, com a elaboração da Operação
Urbana Consorciada (OUC) Antônio Carlos/Pedro I/Leste Oeste, o local deverá ser
revitalizado nos próximos anos. Essa não é a primeira vez que se discute a
possibilidade de resgatar a região, e outros projetos já foram criados, porém
nenhum saiu do papel.
Alguns deles queriam acabar com a
prostituição – que é o que movimenta a região –, outros querem manter os hotéis,
mas revitalizar a rua. Tanto faz a intenção, o que não deixa dúvida é a
necessidade de se pensar em uma política que atinja não só os edifícios
históricos, mas também a população vulnerável que ali se sustenta.
Para o arquiteto e urbanista
Leonardo Castriota, a questão vai além da revitalização física. É necessário
examinar diversos aspectos sociais. Ele acredita que as tentativas de revitalização
da região que foram pensadas até hoje podem não ter dado certo por não
contemplar essa política voltada para as pessoas.
“É preciso ter muito cuidado para
não jogar essas pessoas mais para a marginalidade. Tem que ter trabalho de
assistência social e identificação das pessoas que estão ali. Corre o risco de
desarticular toda uma rede de relações que existe hoje. Uma intervenção tem que
ser muito cuidadosa, com o risco de expulsar essas pessoas. Tem que ter cuidado
social”, opina Castriota.
O arquiteto aponta ainda que,
normalmente, o que esses projetos fazem é “varrer” as pessoas. “Varrem não só
prostituição, mas também os pequenos serviços e pequenos negócios, como
alfaiates e bares. Muitos projetos não têm cuidado com o tecido social e
expulsa coisas que são históricas na região”.
Projeto. O atual projeto de
intervenção para a área central da cidade ainda passará por uma consulta
pública, mas já prevê intervenções de requalificação e alargamento de calçadas,
tratamento paisagístico, instalação de mobiliário urbano e adequação das vias.
As intervenções devem contribuir para a qualidade da paisagem urbana protegida
e para ampliar o fluxo de uma região que é de interesse histórico.
Anterior à Operação Urbana
Consorciada, em 2009, houve a ideia de demolir barracões e imóveis não tombados
em toda a rua Guaicurus para a construção de hoteis de luxo. De acordo com a
assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, esse
projeto não foi oficializado – ele foi proposto pela antiga Secretaria
Municipal de Políticas Urbanas, que não existe mais e teve suas funções
absorvidas pela pasta do Planejamento Urbano.
Ainda segundo a secretaria, como
o projeto não foi oficializado, atualmente a única intervenção prevista para a
área é a que está sendo proposta pela OUC e não há outros projetos. Além disso,
o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG) também tem um projeto que contempla a
região. A Corte recebeu como doação da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), todos os prédios do complexo da antiga Escola de Engenharia.
De acordo com Hudson Luiz
Guimarães, engenheiro do TRT, serão dois prédios interligados por rampas,
totalmente revitalizados, mas com suas fachadas mantidas. “Eles serão
interligados com rampas ligando todos os andares. A entrada central se dará
pela rua Guaicurus, e o local abrigará o novo foro da Justiça do Trabalho”,
explica. O engenheiro acredita que isso pode ajudar a trazer mais vida para o
local e faz parte da ideia de revitalizar todo o centro.
Fonte: O Tempo
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