domingo, 15 de junho de 2014

Prostitutas jogam 'pelada' na Guaicurus por registro da profissão

Uma manifestação diferente e em clima da Copa do Mundo chamou a atenção de quem passou pela conhecida rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte, na tarde do sábado (14). A Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig) organizou uma ‘pelada’ (jogo de futebol) no meio da rua para exigir do poder público a regulamentação do registro da profissão em um espaço físico.

A manifestação pacífica das prostitutas teve inicio por volta das 15h. Elas fecharam a Rua Guaicurus (principal ponto de prostituição em Belo Horizonte) e o trânsito se complicou. Educadamente, os manifestantes pediam para que os motoristas desviassem por outro ponto, pois ali aconteceria um movimento. Em minutos a polícia chegou para organizar os carros e ônibus que se bagunçaram na Rua São Paulo – paralela a Guaicurus.



Do momento que a via foi fechada, até o inicio da partida, a organização do protesto apenas pintou as linhas que marcaram a quadra, fez os gols com quatro cones, e liberou para o time “Peladas Futebol Clube” os uniformes. De acordo com Maria Aparecida Vieira, presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aspromig), a ideia da manifestação é ter mais direitos dentro da profissão.


De acordo com a presidente da Aprosmig, há algum tempo surgiram rumores de que as profissionais seriam tiradas de seu lugares de trabalho e a partir desse momento surgiu a ideia da manifestação. “Com o início da Copa do Mundo e com a suspeita de retirada das meninas de seus postos, decidimos fazer o jogo de futebol em protesto”, declarou.


Estudantes da UFMG, que também apoiaram a manifestação e colocaram em “quadra” o “Delicinha Futebol Clube”, também ajudaram na organização da "pelada". Segundo a estudante de Ciências Sociais Vanessa Sander, a causa é justa.
“A gente apoia sim, prostituição é um trabalho digno, tem gente que acha falta de vergonha, mas elas não têm muitos direitos e trabalham em condições ruins. Então temos que apoiar”, confirmou.

“É algo simbólico o que estamos fazendo. Uma Copa do Mundo aqui no Brasil, a gente joga bola na rua, queremos além de apoiar as prostitutas, mostrar que não concordamos com várias coisas que estão acontecendo”, disse o estudante Marcelo Borel.



Partida terminou empatada em 6 a 6.

A partida começou. Os estudantes da UFMG começaram o jogo melhor, mas as prostitutas completadas por missionárias da Casa Jocum conseguiram a reação. Curiosos serviram de gandulas em alguns momentos e técnicos em outros. O resultado, porém, foi muito maior que o empate em 6 a 6.

O festival de risadas das cerca de 300 pessoas que ficaram ao redor da quadra assistindo a pelada, além da sensação de dever cumprido ao conseguir o objetivo de dar o grito de forma bem-humorada, e sem violência, valeu muito para as mulheres de Aspromig.



Apesar dos vários curiosos que pararam para assistir a partida e o bom resultado do protesto, Maria Aparecida lamentou o pouco número de prostitutas na rua para juntar ao movimento. “Conseguimos o objetivo. Vamos fazer outros. É um protesto com bom humor, sem violência. Hoje já iniciou uma união, não tivemos muitas meninas aqui, pois algumas têm medo da mídia, e também escondem de seus familiares, são casadas e têm filhos. Mas já demos o primeiro passo”, finalizou.

A americana Genny Jack, de 35 anos, que faz parte do Jocum, que trabalha contra o tráfico humano, veío para passar a Copa no Brasil e ajudar nas atividades. “Nossa ideia é dar amor a essas meninas sem fazer julgamento. Se elas quiserem rezar, nós rezamos. Se elas quiserem conversar, nós conversamos. Não estamos aqui para mudar a vida delas, mas, a penas para dar esperança e mostrar que elas têm valor”, contou a voluntária.

Fonte: O Tempo e Terra

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