O site do jornal francês Le Monde traz na primeira página
uma longa reportagem sobre a prostituição de menores perto do estádio Arena
Castelão.
Na reportagem intitulada "Fortaleza, cidade do turismo
sexual", o correspondente do Le Monde no Brasil foi ao encontro das
meninas brasileiras que se prostituem nas avenidas e ruas próximas do estádio
onde acontecem jogos da Copa do Mundo.
As garotas dizem ter 18 anos e, segundo a associação Esplar,
que investiga os casos de prostituição nas ruas, o número de meninas que vendem
o corpo em troca de 50 reais não para de aumentar, mas existem poucas
estimativas oficiais. "Menos da metade do que o preço do ingresso para
assistir um jogo", observa uma das garotas.
Alguns bares, como o Bellissima, constata o Le Monde, trazem
até mesmo um "cardápio" de meninas. Magnolia Said, da Esplar, explica
que existem dois tipos de prostitutas menores: aquelas que fogem da seca e da
miséria e vêm do interior do Ceará, que se vendem nos faróis e esquinas para
alimentar a família, e os jovens, meninos e meninas de classe média baixa, que
encontraram na prostituição uma maneira de pagar os estudos ou melhorar o
salário.
Prefeitura cria disque-denúncia
O jornal lembra que a prefeitura criou um disque-denúncia,
mas a cultura machista local, que considera a mulher como um ser inferior,
dificulta o trabalho das autoridades. Fortaleza é a terceira cidade da região
norte e Nordeste do país com o maior número de assassinatos de mulheres. Das
241 rotas de tráfico de seres humanos identificadas no Brasil, 96 passam pela
região.
O jornal lembra também que, apesar das promessas do governo
de acabar com a exploração sexual de menores, o número de crianças e
adolescentes prostituídos não para de crescer. Um estudo do Fórum Nacional de
Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil mostrou que, em 2011, pelo menos
250 menores vendiam o corpo nas ruas.
Com a Copa do Mundo, as crianças se tornam ainda mais
expostas e vulneráveis, lembra a diretora da ONG ChildHood Brasil, Ana Maria
Drummond. Segundo ela, a antecipação do fim do ano letivo em junho, o aumento
do número de turistas e a ideia de que uma ‘transa’ com um estrangeiro pode
mudar a vida de uma garota pobre são fatores agravantes.
No final de março, a secretaria municipal de direitos
humanos lançou uma campanha para incitar as denúncias, lembra o jornal. O
governo brasileiro anunciou que disponibilizaria 47 milhões de reais para
proteção dos menores, o que é considerado insuficiente pelos municípios para
investir em programas contra a prostituição.
Fonte: RF1
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