sábado, 12 de janeiro de 2013

Iniciar a reação


O maior problema da Igreja é hoje “a mediocridade espiritual”. A Igreja não possui o vigor espiritual de que necessita para enfrentar os desafios do momento atual. Dá-se primazia a certezas e crenças para robustecer a fé e conseguir uma maior coesão eclesial frente à sociedade moderna, mas com frequência não se cultiva a adesão viva a Jesus. 
A nós pede-se que iniciemos já a reação. O melhor que podemos deixar de herança às futuras gerações é um amor novo a Jesus e uma fé mais centrada na Sua pessoa e no Seu projeto. O resto é mais secundário.


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 3,15-16.21-22, que corresponde a Festa do Batismo de Jesus, ciclo C do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Batista não permite que as pessoas o confundam com o Messias. Conhece os seus limites e reconhece-os. Há alguém mais forte e decisivo que ele. O único que o povo deve acolher. A razão é clara. Ele lhes oferece um batismo de água. Apenas Jesus, o Messias, os “batizará com o Espírito Santo e com fogo”.

Na opinião de não poucos observadores, o maior problema da Igreja é hoje “a mediocridade espiritual”. A Igreja não possui o vigor espiritual de que necessita para enfrentar os desafios do momento atual. Cada vez isso fica mais patente. Precisamos ser batizados por Jesus com o Seu fogo e o Seu Espírito.

Nestes últimos anos têm crescidos a desconfiança na força do Espírito e o medo a tudo o que possa nos levar a uma renovação. Insiste-se muito na continuidade para conservar o passado, mas não nos
preocupamos em executar as chamadas do Espírito para preparar o futuro. Pouco a pouco estamos ficando cegos para ler os “sinais dos tempos”.

Dá-se primazia a certezas e crenças para robustecer a fé e conseguir uma maior coesão eclesial frente à sociedade moderna, mas com frequência não se cultiva a adesão viva a Jesus. Teremos esquecido que Ele é mais forte que todos nós? A doutrina religiosa, exposta quase sempre com categorias pré-modernas, não toca os corações nem converte as nossas vidas.

Abandonado ao alento renovador do Concílio, foi-se apagando a alegria em setores importantes do povo cristão, para dar passagem à resignação. De forma silenciosa porém palpável vão crescendo o desafeto e a separação entre a instituição eclesial e não poucos crentes.

É urgente criar o quanto antes melhor um clima mais amável e cordial. Qualquer um não poderá despertar no povo simples a ilusão perdida. Precisamos voltar às raízes da nossa fé. Colocar-nos em contato com o Evangelho. Alimentar-nos das palavras de Jesus que são “espírito e vida”.

Daqui a alguns anos, as nossas comunidades cristãs serão muito pequenas. Em muitas paróquias não haverá já presbíteros de forma permanente. O importante é cuidar desde já de um núcleo de crentes em torno do Evangelho. Eles manterão vivo o Espírito de Jesus entre nós. Tudo será mais humilde, mas também mais evangélico.

A nós pede-se que iniciemos já a reação. O melhor que podemos deixar de herança às futuras gerações é um amor novo a Jesus e uma fé mais centrada na Sua pessoa e no Seu projeto. O resto é mais secundário. Se vivem a partir do Espírito de Jesus, encontrarão caminhos novos.

Fonte: Ihu

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