terça-feira, 8 de janeiro de 2013

50 anos depois, mulher ‘descobre’ que sofreu abuso na infância



Aos dez anos de idade, M.P.S., 63 anos, sofria abuso sexual. Após contar a um farmacêutico da cidade em que morava, no Vale do Jequitinhonha, que estava com corrimento vaginal, ela ia sempre à farmácia para passar uma pomada diante da promessa que o tratamento curaria o problema. 

“O farmacêutico me levava ao banheiro e passava a pomada em minha vagina. Aquilo para mim era normal. Em nenhum momento pus maldade naquilo”. Conta a senhora, que somente tomou conhecimento de que isso era abuso sexual 50 anos depois.

Ainda menor de idade, M.P.S. foi trabalhar como empregada doméstica em uma casa também no interior de minas. Ao completar 18 anos, por indicação da patroa, mudou-se para o Rio de Janeiro, diante da promessa de um salário bem melhor.

PROSTITUIÇÃO

Lá, percebeu que foi enganada e passou a integrar uma equipe de prostitutas de um prostíbulo. Apesar de chateada por ter sido enganada, a sua vida melhorou, e muito: pôde ajudar os familiares. Com o passar do tempo, a vida tornou-se mais difícil.

Quatro vezes ela tentou deixar a prostituição, mas não conseguia por falta de coragem e estímulo, que encontrou em Belo Horizonte, quando conheceu a Pastoral da Mulher. Em palestras e debates, encontrou força para mudar de vida. “com apoio da Pastoral, comecei a trabalhar minha autoestima e consegui sair daquela vida”, afirma, ela, que é uma das centenas de mulheres que deixaram a prostituição após encontros realizados pela ONG.
Hoje, oito anos, depois, ela usa seu exemplo para tentar levar prostitutas a mudarem de vida.

PASTORAL
Criada em 1982 por iniciativa de religiosos e leigos, a Pastoral da Mulher atua em Belo Horizonte para ajudar as prostitutas a buscar direitos, conhecimento, educação, qualidade de vida e saúde. Com cursos e palestras, elas são estimuladas a desenvolver visão crítica sobre a vida que tem.

Anualmente, a Pastoral visita mil mulheres que atuam em prostíbulos no centro de BH. Dessas, 140 vão à sede da Pastoral para obter outras informações; cerca de 20 mulheres continuam a frequentar o local e os cursos profissionalizantes, por exemplo.
Dentre as opções, as mulheres atendidas podem se capacitar para os setores de educação, hotelaria e atendimento social.
De acordo com José Manuel Uriol, responsável pela captação de recursos, a Pastoral da Mulher pretende abordar temas como tráfico de pessoas para a exploração sexual, em fase de estudo, para esclarecer essas mulheres sobre os perigos da prostituição.

Fonte: Caderno Hoje em Dia. Matéria: 27/12/2012. Entrevista: Juliana Corrêa. Belo Horizonte – MG..

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