segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Minas Gerais vive onda de crimes passionais


Minas Gerais vive onda de crimes passionais No fim de uma semana marcada por morte de procuradora, rapaz é morto em BH por policiais após ameaçar a ex-companheira. Em Montes Claros, jovem faz ex-namorada refém por seis horas. No Sul, Kléber Gladiador é denunciado pela esposa, jornalista mineira.

Ciúme, ameaça, agressão, sequestro e até homicídio envolvendo casais marcaram o primeiro fim de semana após o assassinato, a facadas, da promotora Ana Alice Moreira de Melo, seguido do provável suicídio do principal suspeito do crime, o marido dela, Djalma Brugnara Veloso. Do Norte de Minas, onde um rapaz de 19 anos manteve a namorada refém sob a ameaça de uma faca, ao Sul do país, onde veio à tona a denúncia de agressão registrada pela mulher do atacante Kleber, ex-Cruzeiro, a violência contra a mulher deixou sua marca em todas as classes sociais. Mas o caso mais grave ocorreu na capital mineira, resultando na morte de um homem de 22 anos, baleado por policiais militares após ameaçar a ex-companheira.

Necropsia indica que empresário suspeito de assassinar ex-mulher se matouEmpresário mata ex-mulher em condomínio de luxo de Nova Lima Homem ameaça ex-namorada e é morto a tiros por policial no Bairro Santa EfigêniaSoldado da PM é investigado por tentar matar ex-namorada na capitalPolícia procura jovem suspeito de atirar contra a namorada em Venda NovaJovem esfaqueia ex-namorada e ex-sogra em Venda NovaEmpresária é assassinada dentro de casa no Bairro Nova GranadaO homicídio ocorreu no Bairro Santa Efigênia, Região Leste da capital, diante da pizzaria em que trabalha a ex-mulher do motoboy Paulo Márcio Alves dos Santos. O rapaz foi ao local, na Rua Maestro Delê Andrade, para conversar sobre a separação com Meybe de Souza, de 21. Enciumado, teria ameaçado atirar na jovem, e a PM foi chamada para contê-lo. Paulo estava com uma garrucha, sem munição, na cintura. Assim que a conversa terminou, Paulo disse que levaria a ex-mulher em casa, mas ela não aceitou a carona, pois percebeu que ele estava “muito bêbado”. O ex-marido ficou transtornado ao saber que a jovem pegaria carona com um colega de trabalho.

Na versão do tenente Jacson Paulo, da 128ª Companhia do 22º Batalhão, a PM recebeu o chamado para intervir em uma ocorrência de ameaça. Os policiais viram o motociclista na porta da pizzaria, mas ele conseguiu fugir. Depois de procurá-lo pelas ruas do bairro, a equipe retornou ao local para registrar a queixa.
Imagens do circuito interno de segurança da pizzaria indicam que Paulo voltou ao local, pouco depois, às 2h31. Um dos militares saiu da pizzaria com a arma em punho e o motociclista não parou. O outro PM correu na direção da moto, mas a partir daí o equipamento de segurança não registra mais a cena, que se desenrolou a 100 metros do estabelecimento. O fato é que o motoboy foi baleado e morreu antes de chegar ao hospital.
Parentes do rapaz, como o irmão Hugo Leonardo Alves dos Santos, instrutor de autoescola, acreditam que ele foi morto sem ter direito a defesa. Até a ex-mulher – apesar de não ter presenciado o crime, pois foi orientada a ficar escondida – acredita que a PM tenha agido de maneira errada. “Pelo que sei, ele já estava totalmente dominado quando foi baleado.” Já os policiais sustentam que o motoboy fez menção de sacar a arma e que apenas se defenderam. O PM que atirou está detido na sede do 22º Batalhão,.
O ex-jogador cruzeirense Kleber e a mulher, Débora Favarini: episódio não teria sido o primeiro
Gladiador também responde por agressão
Mais uma denúncia de violência contra a mulher veio a público ontem, envolvendo o atacante Kleber, conhecido como Gladiador, casado com o jornalista mineira Débora Favarini. A mulher do atleta, que já foi jogador do Cruzeiro e hoje atua no Grêmio, registrou queixa de agressão na Primeira Delegacia de Polícia Civil para Mulheres, em Porto Alegre. Nela, Débora sustenta que o marido a acertou com um soco na cabeça, na madrugada de domingo, 29 de janeiro. Não foi, segundo o depoimento, a primeira agressão.
Conforme o documento, no sábado, 28, Débora havia pedido a Kleber que deixasse uma festa e retornasse ao hotel onde moram na capital gaúcha. Ela estava preocupada com a filha pequena: “Chegando ao hotel, começaram a discutir. A comunicante pegou o celular do agressor e refugiou-se no banheiro, passando a olhar a agenda e demais dados do referido celular. Seu marido, percebendo o que se passava, arrombou a porta do banheiro e atingiu a cabeça da comunicante com um soco e um golpe no rosto, este último, talvez, não intencional”. No documento, Débora afirmou que não pretende processar o jogador pela agressão. Depois da briga, ela deixou Porto Alegre e viajou para Belo Horizonte, onde moram os pais.
O Estado de Minas tentou falar com a jornalista, mas um parente, que pediu para não ser identificado, disse que Débora não vai se pronunciar sobre o caso, ao menos por enquanto. Ele afirmou que a jovem está machucada e muito abalada, e reiterou que esta não foi a primeira agressão protagonizada pelo atacante. Segundo o familiar, Kleber ameaçava a mulher quando ela dizia que daria queixa à polícia. O EM tentou contato com o atleta, mas, pelo fato de ele estar concentrado para a partida Grêmio x Internacional, não foi possível ouvi-lo até o fechamento desta edição.

Robson foi detido depois que PMs do Gate o desarmaram
Seis horas de pavor sob ameaça de faca
Montes Claros – Durou seis horas o pesadelo da estudante Nad’Esdra Dias de Oliveira, de 18 anos, mantida refém sob ameaça de uma faca pelo ex-namorado, o também estudante Robson Tadeu Santos Torres, de 19, inconformado com o fim do relacionamento. O sequestro ocorreu em Montes Claros e entrou pela madrugada de ontem, demandando o deslocamento de uma equipe do Grupamento de Ações Especiais (Gate), da Polícia Militar de Belo Horizonte, especializado nesse tipo de operação, para a cidade do Norte de Minas, a 427 quilômetros da capital. Junto com a estudante foi mantida refém uma amiga dela de 14 anos.

Nad’Esdra e a menor ficaram trancadas com o sequestrador no banheiro de um apartamento na Rua Melo Viana, via movimentada do Bairro Morrinhos, próximo ao Centro da cidade. Testemunhas dizem que, por volta das 20h30 de sábado, Robson Tadeu invadiu o lugar por uma janela e se armou com a faca. “Logo, ele me segurou pelo pescoço”, conta Nad’Esdra, relatando, que junto com a menor, tentou escapar, correndo para o banheiro. “Mas ele segurou a porta e entrou com a gente”, disse.
Chamada, a Polícia Militar cercou o local. O sequestrador se manteve irredutível mesmo diante dos apelos da mãe, que mora em Pirapora, a 170 quilômetros, e se deslocou para Montes Claros logo que soube da situação. Apenas à 0h30 ele liberou a menor.
Por volta das 3h30 chegou a equipe do Gate, treinada para agir em casos que envolvem reféns. Após muito tempo de negociação, os policiais perceberam que Robson havia deixado a faca cair. Neste momento, contando com a ajuda da própria Nad’Esdra, que destravou a fechadura, os militares invadiram o banheiro e dominaram o sequestrador com uma taser (arma não letal que imobiliza o indivíduo com descarga elétrica). O rapaz foi preso. A ex-namorada foi levada para um hospital, mas logo em seguida foi liberada.
Em entrevista ao Estado de Minas, ainda chocada e chorando muito, ao lado da mãe, Dagma Dias, a estudante contou que vinha sofrendo agressões por parte do ex-namorado há algum tempo. Em meados do ano passado, uma das agressões foi registrada em boletim da PM em Pirapora, onde o casal morava. O relacionamento foi rompido por Nad’Esdra há quatro meses, mas o fim do namoro nunca foi aceito por Robson, que, segundo a estudante, nunca deixou de persegui-la. Ela conta que chegou a deixar o emprego em Pirapora no segundo semestre de 2011 e mudar-se para Montes Claros, onde foi localizada pelo rapaz.
Corrente Em Bom Despacho, Centro-Oeste do estado, a polícia investiga se se trata de crime passional a morte de um casal. Homem e mulher foram encontrados carbonizados e unidos por uma corrente.

Denúncia vira calvário
“Acompanhei o caso da procuradora Ana Alice e não quero ser mais uma vítima da agressão masculina”. O desabafo foi feito na tarde de ontem pela cozinheira C.O.S., de 30 anos, enquanto aguardava na recepção da Divisão de Polícia Especializada de Mulheres, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O olho roxo denunciava a violência praticada pelo marido na madrugada de ontem. A dor da cabeçada que a motivou a levar a queixa policial adiante se misturava na delegacia aos sentimentos de decepção e raiva, conforme C. relatou em palavras firmes. “Esta foi a segunda vez que ele me bateu. Na primeira, quebrou meu nariz. Cheguei a chamar a polícia, mas não prestei queixa. Desta vez, estou decidida. Estou muito magoada. Vou pedir todas as medidas protetivas a que tenho direito, porque quero que ele fique bem distante de mim”, contou. Mas registrar esse tipo de ocorrência na Delegacia de Mulheres tem sido um teste de determinação, diante do longo tempo de espera. Ontem, C. deu entrada na divisão às 16h30, mas foi avisada de que só seria atendida por volta das 19h. Segundo a equipe de plantão, ocorrências com flagrantes têm prioridade. Além disso, o sistema de informática é lento e o quadro de pessoal, reduzido. Durante a passagem da reportagem pela delegacia, uma das vítimas desistiu de fazer a denúncia.
Fonte: Estado de Minas

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