sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Mais um caso de morte


 Carla Kreefft
Mais um caso de assassinato de mulher pelo próprio companheiro. A violência de gênero cresce de forma acelerada no Brasil sem que nada seja feito efetivamente para combatê-la.
O mais triste de tudo isso é que essa morte, assim como tantas outras, poderia ter sido evitada. São mortes anunciadas pelos próprios assassinos. A violência é, quase sempre, denunciada ao poder público quando ainda se limita à agressão física e verbal. Mas a incompetência dos órgãos destinados a prevenir e combater a criminalidade impede que as vidas dessas mulheres sejam poupadas.

Muitos vão dizer que se trata de um fenômeno social verificado com mais intensidade nos países em desenvolvimento, onde as mulheres realizam uma escalada de crescimento pessoal e profissional. Outros vão alegar que as condições sociais, econômicas e culturais de uma sociedade podem ser a origem do problema. Mas, na verdade, conhecer possíveis causas de tanta violência não é mais importante do que salvar vidas.
O que se torna urgente são políticas de segurança pública efetivas que impeçam mais mortes e agressões a mulheres. O importante é que as denúncias sejam recebidas com seriedade, encaminhadas com a máxima urgência que a preservação de uma vida exige e que culminem com a prisão do agressor antes que ele se transforme em um assassino. Além dos órgãos de segurança pública, o Poder Judiciário também precisa entender essa necessidade de agilidade.
A impressão que se tem é que o crime passional ainda é encarado como o inevitável - algo que faz parte do imponderável. Esse entendimento é o motivo de um certo descaso que, não raro, termina em tragédia.
É claro que um acesso de loucura é mesmo muito difícil de ser previsto. Mas, quando há uma ameaça, é preciso ficar atento e vigilante. Foi exatamente o ocorrido na capital mineira. É complicado apontar onde houve erros, mas eles aconteceram e a morte ocorreu.
Esse caso ainda aponta para um outro fator relevante. A violência contra mulher não tem relação direta com classe social e econômica. Ocorre em todas as camadas da população, sem nenhuma discriminação. Ela está associada à condição feminina e à relação estabelecida entre homens e mulheres.
O sentimento de posse por parte do homem é alguma coisa impossível de ser mensurada. Enxergando a mulher como um objeto seu, o homem se sente no direito de fazer o que quiser com o bem dele - ainda que isso signifique tirar uma vida. Aliás, bem é uma palavra que dá medo. Ninguém deve ser bem de ninguém. As relações humanas não devem ser baseadas em dominação e autoritarismo. Isso não é sinônimo de amor.

 Fonte: Otempo

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