sexta-feira, 13 de maio de 2016

O papel da mulher na Igreja

Ao delinear o papel da mulher na Igreja reportei-me às duas irmãs no Evangelho de Lucas que foram visitadas por Jesus logo que entrou num povoado. Marta o recebeu em casa e logo a narrativa descreve o comportamento das irmãs diante do Mestre. Marta se ocupava com o serviço e as tarefas da casa e Maria ficou aos pés de Jesus escutando-lhe as palavras.


Jesus é incisivo com Marta quando ela questiona sua irmã: "Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas por muitas coisas..." (Lc 10,41). As duas atitudes são concretas e o autor chama a atenção para a escuta e acolhida da palavra de Jesus. Não significa que para o Mestre o trabalho de Marta não seja importante, diz apenas que a parte de Maria é a fundamental e alicerça o seu gesto de serviço. E podemos a partir da parábola de Jesus delinear não só a mulher na comunidade eclesial, mas às duas dimensões humanas: a escuta e o serviço, que estão vinculados ao homem e à mulher e bem simbolizados na figura das duas personagens.

Marta e Maria são a representação efetiva das pessoas em muitas comunidades concretas em nossa realidade. As personagens salientam em seu bojo bíblico atitudes que enfatizam a pessoa humana, que acima de quaisquer discriminações, em muitas tradições religiosas ocupam os mesmos espaços. Constatamos a presença de homens e mulheres à frente de comunidades com a missão de guias, onde exercem uma forte liderança.


Porém, sentimos também em muitas tradições religiosas o sabor doloroso do patriarcalismo e das discriminações insensatas entre homens e mulheres. As figuras de Marta e Maria fazem sucumbir todas as desigualdades que colocam homens e mulheres em patamares diferentes. A comunidade eclesial é composta por seres humanos que elucidam a importância da oração e das atitudes concretas que visam o verdadeiro seguimento a Jesus Cristo.

O papel da mulher no meio eclesial encara resistências e preconceitos por causa da ideologia patriarcal que não se fundamentam e não encontram raízes na tradição cristã das primeiras comunidades.  Porém, o mais bonito é que ao longo da história a presença de pessoas que foram capazes de superarem as questões patriarcais mostra a presença feminina que encharca e fecunda o chão de nossa Igreja com  firmeza e responsabilidade para com a Palavra de Vida. Marta e Maria são as figuras que acolhem, que vivificam, que reestruturam e dão sabor as relações! São todas as pessoas que escutam, que agem e transformam os espaços onde vivem!

A mulher encontra seu valor no meio eclesial quando todos na comunidade eclesial, homens e mulheres, deixam de lado as discriminações e nos propomos ao serviço ao próximo em vista daquilo que Jesus nos deixou como exemplo. Os papéis definidos no masculino e no feminino não mudam a história, não alteram posturas negativas, e no entanto, homens e mulheres em parceria trazem consigo experiências diversas que enriquecem e frutificam a Igreja.

Na figura de Marta e Maria podemos conjugar as atitudes concretas estabelecidas em cada personagem: a escuta atenta e a ação concreta! O papel da mulher na Igreja diante da parábola de Jesus não pode se confinar em limitações impostas ao longo de tantos séculos. Todos nós, sem discriminações somos parte integral na comunidade eclesial!

Fonte: Dom Total

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