quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Machismo em lançamento de uniforme do Atlético Mineiro


Nova fornecedora do Galo, DryWorld tem roupas com a instrução de lavagem 'Dê para sua mulher'

O desfile do novo uniforme do Atlético, na noite da última segunda-feira, recebeu um grande número de críticas, devido à forma como as modelos femininas desfilaram com o manto. Vestindo shorts minúsculos e com mulheres apenas de calcinha e sutiã, parte da massa alvinegra usou as redes sociais para reclamar da objetificação da figura feminina.

No blog Camikaze, diversas torcedoras alvinegras se juntaram para produzir uma nota de repúdio contra a organização do desfile.
"Não podemos tolerar ações como o lamentável episódio do lançamento das Camisas da Coleção 2016, em parceria com a DryWorld, em que modelos femininas foram expostas de maneira objetificada, vestindo trajes de banho e lingeries, de maneira apelativa, em um evento de finalidade esportiva. Não podemos aceitar que a imagem feminina seja tratada como peça de enfeite de estádio, encomendadas para agradar o público masculino - que, há muito, deixou de ser único protagonista no universo do futebol", afirmaram.


A torcedora Bruna Pontara também teceu críticas contra a representação feminina.

"Achei totalmente desnecessária elas ficarem de calcinha e blusa. Era um evento esportivo com o objetivo de lançar a blusa nova. Foi de péssimo gosto. Até criança ficou de calcinha e blusa. Horrível", reclamou, referindo-se ao momento de apresentação dos uniformes infantis.

Já a blogueira do Atlético, no site da ESPN, Elen Campos, acredita que os próprios clubes ajudam a promover atitudes machistas no futebol e disse que espera, ao menos, um pedido de desculpas por parte da diretoria atleticana.

Quando não promovem ações machistas, não movem ações para combatê-las. E seria importante, isso. Eu gostaria de ver um pedido de desculpas. Significa muito para as mulheres que se sentiram ofendidas naquele evento. No mais, que repensem a presença da atleticana no clube, se mostrando aberto e parceiro das nossas lutas e conquistas”, respondeu, em entrevista ao SuperFC.

A produtora cultural e atleticana, Renata Andrade Chamilet, acredita que o desfile ignora a participação das mulheres no mundo do futebol.

"Penso que seja uma repetição do mais grotesco estereótipo machista: homem gosta de futebol, mulher bonita e cerveja. Sem considerar que as mulheres são grande parte da torcida e mais, quem gosta de mulher não nos trata como objeto. Aí, vem a notícia de que uma mulher foi a responsável pelo desfile. Isso não atenua. Isso só nos deixa mais preocupada. O machismo está tão arraigado que as mulheres repetem o discurso. Achei inacreditável com o tanto de discussão a cerca do assunto, o Galo não ter a sensibilidade de se conectar com o mundo. É ofensivo", declarou.

Resposta Alvinegra

Em contato com a reportagem, o diretor de comunicação do Atlético, Domênico Bhering, afirmou que o clube não irá responder às críticas dos torcedores.
"O Atlético respeita o direito democrático das pessoas de discordarem, mas isso não significa que temos que concordar com as críticas. Não iremos responder a isso. Não houve excesso, nem atitude machista. Mas reforçamos o direito de críticas e elogios. Há quinze anos agimos dessa forma, e essa foi a festa mais elogiada. Não há porque mudar algo que vem dando certo há esse tempo", afirmou o diretor.





"Dê à sua mulher"



Além da questão polêmica do desfile, outra situação também rende contra a empresa canadense DryWorld. Em uma de suas camisas, nas recomendações de como lavar o produto, está a frase "Give it to your wife" ou no português: "Dê à sua mulher". Veja a imagem:

 Fonte: O Tempo

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