quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Prostitutas rezam para não fechar garimpo em Mato Grosso

Ao subir a “Serra Pelada de Mato Grosso” é raro encontrar alguma mulher e muitos dos homens estão exaustos e não têm contato com o sexo feminino há muitos dias. Por isso, as mulheres que circulam no local se quer precisam se identificar como prostitutas, que já recebem inúmeras propostas para fazer companhia aos garimpeiros ou “aventureiros”.


Salto alto, batom de cores quentes, sombra, blush e rímel na medida, aliados a roupas curtas e decotadas. Elas se dizem autônomas e donas do próprio negócio.

Têm uma tabela que estipula a quantidade de gramas que os homens devem pagar, para serviços que vão desde a realização de um strip-tease, ao sexo em meio à mata. As garotas de programas também foram atraídas pelo ouro encontrado na Serra da Borda, em Pontes e Lacerda (448 km a Oeste de Cuiabá).

Seja subindo o morro ou dentro das boates localizadas na cidade, elas estipulam um crescimento na demanda de 80%. L.V.T., 20, é de Vila Bela da Santíssima Trindade (521 km a Oeste).

Ela e a prima foram para o garimpo pontes-lacerdense levadas pela própria mãe, que esteve no local alguns dias antes. “Minha mãe veio com uma amiga dela que é garota de programa e ela ganhou muito ouro. O sexo propriamente dito, ela só fez duas vezes o resto foi só para ficar de namorico. Isso nos chamou a atenção e resolvemos vir também”.

A mãe de L. lucrou cerca de 10 gramas em dois dias no local e voltou para a cidade natal para buscar a filha e a sobrinha, que já trabalhavam com a prostituição onde moravam. “Mas o lucro lá é muito baixo, aqui as meninas podem tirar em uma semana uma quantia que vai nos sustentar por alguns meses. Pelo menos assim eu espero”, disse N.T.T., 38.

As três foram para a Serra da Borda preparadas para realizar os programas da maneira mais higiênica possível. Cientes de que a maioria dos homens fica entre cinco a oito dias sem tomar banho, em três malas de rodinhas e algumas bolsas, elas levaram além de toalhas e lenços umedecidos, dois galões que juntos davam 60 litros de água. “Vamos fazer uma espécie de cercado, para ter mais intimidade. Somos profissionais e limpinhas, por isso, vamos valorizar o serviço prestado. Jamais que vou ficar sem lavar minhas partes íntimas”, diz a garota de programa, A.M.S., 21.

Durante todo o dia é possível ouvir do pé da serra gritos em coro dos garimpeiros. “O que só pode significar duas coisas: ou encontraram ouro ou alguma mulher está tirando a roupa”, comenta um comerciante, que montou uma tenda para vender geradores de energia.

Ao subir a “Serra Pelada de Mato Grosso” é raro encontrar alguma mulher e muitos dos homens estão exaustos e não têm contato com o sexo feminino há muitos dias. Por isso, as mulheres que circulam no local se quer precisam se identificar como prostitutas, que já recebem inúmeras propostas para fazer companhia aos garimpeiros ou “aventureiros”.

A média é de 10 gramas para fazer um strip-tease e daí para mais gramas para fazer sexo. Algumas mulheres que andam de mãos dadas com homens se escondem quando avistam nossa reportagem e as que conseguimos chegar perto se negam a conversar sobre a prostituição existente no garimpo.

Se no morro a prostituição acontece de maneira discreta, nas casas noturnas e prostíbulos da cidade a festa é evidente. Em um dos estabelecimentos mais movimentados de Pontes e Lacerda, o gerente Luis Oliveira, 23, diz que a demanda cresceu em cerca de 70% depois da descoberta do ouro no município. “Já entramos em contato com novas meninas, porque as que já trabalham com a gente não está dando conta das solicitações. Já aconteceu de garimpeiros irem para outra boate, porque aqui não tínhamos meninas disponíveis”.

Ao mesmo tempo, o serviço de bar também apresentou um aumento significativo. “Podemos dizer que a venda de bebidas teve um crescimento maior ainda, e chegou a dobrar”, pontua Oliveira.

O programa na casa noturna gerenciada por Luis sai por R$ 350 e deve ser pago mais R$ 50, pela chamada chave, que é a retirada da garota de programa do local, já que existe uma lei que proíbe o funcionamento de bar e prostíbulo no mesmo estabelecimento. Caso o cliente deseje um strip-tease ele deve desembolsar mais R$ 150.

O serviço pode ser feito com o auxílio de duas barras de poledance, uma fixada na parte externa da casa e outra em um quarto reservado. D.S.N., 19, é natural do Rio Branco e está em Pontes e Lacerda há dois meses.

Questionada sobre como foi parar na cidade mato-grossense, ela disse que uma prima que também ganha a vida como prostituta já trabalhou na cidade a indicou. “Nem sabia da existência do garimpo, mas vim na hora certa. Aqui estou ganhando muito mais dinheiro do que na cidade onde nasci”.

Ela diz que tira em média R$ 5 mil por mês trabalhando como garota de programa. “Isso sem contar os presentes e passeios que os clientes pagam para mim”.

A situação do mercado local de prostituição é melhor ainda para C.F.M., 21. Natural de Rondônia, ela conta que faz faculdade a distância e tem um namorado, que sabe tudo sobre sua profissão. “Ele é rico, me dá de tudo. Mas, a mulher quando tem autonomia sobre seu dinheiro é muito melhor. Gosto de ser dona do meu próprio negócio, aqui eu que gerencio”.

Ela se considera sortuda, pois há dois dias está tendo como cliente um dos primeiros exploradores da Serra da Borda. “Para mim esse garimpo literalmente está valendo ouro. Estou me dando bem e quero que essa movimentação continue. Minha família nem sabe, mas estão usufruindo do dinheiro que estou ganhando com o meu corpo. Não me envergonho disso, mas prefiro que eles continuem sem saber”.

Fonte: http://www.cenariomt.com.br/

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