terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Tráfico de seres humanos exposto em Luanda (Angola)

O secretário de Estado do Interior, José Zau, denunciou a existência de casos de tráfico de seres humanos no pais, nomeadamente na província da Huila, com o envolvimento de cidadãos asiáticos. Citou o caso do ano passado, em que se descobriu que mulheres asiáticas estiveram na condição de cárcere privado pela, entidade empregadora, que as trouxe para Angola, mas que se descobriu tratar-se de uma rede de traficantes.

A actuação da Polícia nacional permitiu levar a tribunal os acusados. Estas declarações foram feitas na abertura da exposição sobre o tráfico de seres humanos, na Sexta-feira, 18, em Luanda.
Apesar de na altura a lei angolana não tipificar o crime de tráfico de seres humanos como tal, o governante avançou que a acusação valeu-se da figura do crime de cárcere privado para repor a legalidade.
Por outro lado, José Zau afirmou que ligados a algumas igrejas implantadas no Norte do pais, nomeadamente nas províncias de Cabinda, Uíge e Zaire, cidadãos da Republica Democrática do Congo, muitos dos quais já se encontram detidos, esperando pelos respectivos julgamentos, foram indiciados pelo crime de tráfico de menores e de mulheres, aliciados com ofertas de emprego mas que acabam encarcerados em armazéns e lojas, em condições desumanas, de onde são, posteriormente, transferidos para outras áreas do pais.
Na província do Cunene, Sul de Angola, há registos de crianças que são exploradas como mão-de-obra barata na transportação de cargas pesadas na área fronteiriça entre Angola e a Republica da Namíbia. “A situação está controlada, apesar de o fenómeno ser novo em si, temos tido acções coordenadas a nível da SADEC e outros parceiros. As nossas autoridades estão atentas ao evoluir do fenómeno no território nacional, no que toca ao combate deste fenómeno que a todos preocupa”, disse o governante.
Passado e presente
A exposição em cuja abertura O PAÍS ouviu José Zau, e que decorre até Novembro, tem a organização do Museu da Escravatura, proporcionando uma visão sobre o tráfico de seres humanos ao longo da história. O corte da fita coube a vice governadora de Luanda, Judith Armando Pereira. Estiveram presentes várias individualidades do Executivo angolano, com realce para os secretários de Estado da Cultura, Cornelho Caley, e do Interior, José Zau.
O Secretario de Estado da Cultura, que representava a ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, felicitou a direcção do Museu da Escravatura pela coragem e iniciativa de organizar este evento possuidor de um tema actual.
O governante afirmou que a exposição de tráfico de seres humanos que decorre em simultâneo em vários Países do mundo como, Portugal, Bruxelas, Gana, Brasil, com apoio dos governos e das agências de protecção dos Direitos Humanos, destina-se promover a reflexão por parte de estudantes, governantes, docentes universitários e membros da  sociedade civil sobre o fenómeno.
Os desenhos expostos foram elaborados por estudantes do II ciclo do ensino secundário do município  de  Luanda, que conseguiram   transmitir  em várias gravuras as múltiplas formas de escravatura que actualmente toma novos contornos, considerada de  tráfico de seres humanos.
Cornélio Caley transmitiu a preocupação face ao fenómeno no território nacional, tratando-se de u7m assunto típico de países pobres ou em vias de desenvolvimento. Alertou a sociedade, sobretudo as populações dos meios rurais, na sua maioria camponeses, qu, muita das vezes, no seu regresso à casa deparam-se com o desaparecimento dos seus filhos ou membros das suas famílias. Muitas das crianças raptadas são aliciadas por malfeitores que lhes prometem algum dinheiro ou melhores condições de vida.
O local da exposição, construído de pladur , tem cinco labirintos com curvas e contra-curvas para demostrar aos visitantes o sofrimento em que as vitimas caem quando nas mãos dos  traficantes, um mundo de onde  dificilmente conseguem.
A exposição ficará patente na Marginal de Luanda até ao próximo mês de Novembro. Entretanto, organização da exposição vai substituindo as gravuras pelas de alunos de institutos médios da capital.
Este projecto internacional, que tem sede na Suíça, e que já recebeu o apadrinhamento da Unesco, através das suas representações, como é o caso de Angola, passará a ter realização anual, segundo Valdemiro Fortuna, director do Museu da Escravatura, “No nosso pais  a exposição passará a ser realizada anualmente e a presente edição  vai, nos próximos dias, seguir para a região Sul de Angola, nomeadamente nas províncias de Benguela, Huíla e Namibe, e posteriormente serão contempladas outras províncias, sobretudo aquelas que fazem fronteira com os países vizinhos”.
Valdemiro Fortuna, director do museu da escravatura de Angola, diz-se satisfeito com a adesão do público e garante que a exposição vai ajudar e contribuir na educação e cultura dos jovens para que não se deixem aliciar facilmente por traficantes.
O secretário de Estado do Interior, José Zau, considerou a exposição uma oportunidade impar para as nossa população aprender mais sobre o trafico de seres humanos, no sentido de ajudar as autoridades com denúncias, fazendo recurso das varias linhas de denúncias já existentes, a fim de pôr cobro a este fenómeno. Para o governante, o Ministério tem feito o seu trabalho em parceria com a OIM e a Interpol, que são algumas das instituições vocacionadas para a prevenção e combate deste fenómeno. Entretanto, “tem-se garantido aos efectivos e especialistas ligados ao combate ao tráfico de seres humanos e fluxos migratórios, vários seminários de capacitação, cursos e informação diversa ao pessoal operativo, no sentido de se dar cobertura a este mal.

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