terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Frei Claudio van Balen: Uma vida ao serviço do Povo de Deus

Há párocos do  “venhais vós ao nosso reino”. Jamais se preocupam de, espontaneamente, ir ao  encontro de seus paroquianos. Frei Cláudio é um pastor dedicado às suas  ovelhas. Visita com frequência as famílias da paróquia nos bairros Carmo e  Sion. Em especial, aquelas que se encontram em dificuldades.” Frei Betto


Cláudio Van Balen não pode falar. Depois de enfrentar um dos maiores desafios de sua vida religiosa, em que sua posição de vida incomodou a hierarquia da igreja Católica e quase foi forçado a abandonar a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, o que esse holandês de 78 anos quer é ficar em silêncio. Pelo menos para a imprensa. Porque para os frequentadores da paróquia do Carmo, onde vive há 43 anos e é conhecido por frei Cláudio, ele não muda nunca. Sua filosofia de vida, em que a cidadania é também um ato de fé, transformou seus fiéis. Aliás, foram essas pessoas que montaram a partir de uma visão um tanto particular, o significado do religioso para cada um deles e para as comunidades das regiões do Carmo.

Os amigos cultivam em frei Cláudio um tipo de herói incomum, que motiva admiração, mas ao mesmo tempo chama todo mundo para participar do feito. Vigário de uma paróquia que agrega regiões que apontam para duas Belo Horizonte – a dos bairros desenvolvidos como o Cruzeiro, Carmo, Anchieta, Sion, mas também para a desigualdade dos aglomerados – frei Cláudio segue à risca em suas ações o preceito de que todos são iguais aos olhos de deus. Há 25 anos, o técnico em enfermagem e morador do Morro do Papagaio, João do Carmo, estava passando por situação-limite na creche grupo Amigo da Criança. O desafio era consolidar a instituição, que era primordial para as crianças do local. “não sabia o que fazer, as crianças estavam passando fome, as mães estavam cobrando uma solução. À noite sonhei que tinha ido à igreja do Carmo”, conta. O encontro com frei Cláudio traduziu-se num apoio que foi constante durante todos esses anos e que tem rendido vários frutos.

Há dois anos, as visitas constantes dos vicentinos aos enfermos e pessoas com deficiência do morro gerou um novo projeto, também com o apoio de frei Cláudio. Essas pessoas estão recebendo banheiros adaptados para possibilitar maior dignidade e mobilidade. Uma das primeiras doações para essas construções veio do vigário da Paróquia do Carmo que repassou 12 mil reais recebidos de herança de uma irmã. “Ele nos falou que dava aquele dinheiro com todo carinho. Frei Cláudio tem um carisma muito especial. Ele é tranquilo, firme em sua espiritualidade. Tudo que ele fala, a gente entende”, afirma João do Carmo.


Essa compreensão ultrapassa bairros e vai buscar aquele católico já cansado dos ritos e discursos da igreja. O que procura algo diferente. Foi o que aconteceu com o especialista em trânsito e assuntos urbanos, José Aparecido Ribeiro. Ele frequentou as igrejas da Vila Paris, Lourdes, Boa Viagem, São Judas Tadeu, São Sebastião, Mãe da Igreja, Belvedere. Nenhuma, em sua opinião, motivava o fiel a uma reflexão maior.

“Frei Cláudio usa a palavra e o conhecimento de maneira muito acessível. Sua mensagem nos leva à paz, mas também à responsabilidade. Ele nos convida a ser cidadãos e isso tudo pregando e praticando uma religião que não nos infantiliza”. Ribeiro frequenta a Igreja do Carmo há cinco anos. Talvez um dos maiores aprendizados que veio com as reflexões de frei Cláudio foi o da responsabilidade que cada um tem com o seu próprio destino. “Ele propõe uma religiosidade adulta em que Deus não é punitivo, mas benevolente, sempre disponível. E o mais importante, ele não precisa de mediadores e nem de representantes. Bastam só eu e ele”, refle- te o especialista.
  

Essa capacidade de agregar pessoas é uma das características citadas por frei Betto para designar o amigo desde os anos 70. Frei Cláudio desafiou a ditadura militar em falas públicas e cartas ao amigo Betto, publicadas no livro Cartas da Prisão, em que o apoiava, além das visitas rotineiras à família que era sua paroquiana. “Ele é o pároco mais eficiente que já conheci em termos de organizar e dinamizar uma paróquia. Cláudio tem uma coisa rara na igreja Católica, o atendimento personalizado aos seus fiéis. Ele conhece as pessoas pelo nome, dá atenção, além de ser uma pessoa extremamente aberta, ecumênica, sem pre-conceitos, na linha de um discípulo de jesus”, observa frei Betto.

Não há como falar da vida de frei Cláudio antes do Brasil. Quem poderia fazê-lo é o próprio religioso, que preferiu não se posicionar nesta entrevista. Talvez um dos amigos mais antigos do frei seja o médico Lermino Pimenta, 78 anos. foi preciso ele atravessar o Atlântico e aportar em terra francesa para ouvir falar, pela primeira vez, em frei Cláudio Van Balen, um holandês alto e magro que viria a conhecer pouco tempo depois. Era 1966, em viagem para fazer uma pós-graduação, Pimenta encontrou-se com um frade carmelita brasileiro. Conversa vai e vem, a pergunta inevitável da origem levou Pimenta a falar sobre o bairro Carmo e a rua Grão Mogol, onde morava em Belo Horizonte. “Você vai encontrar a paróquia do Carmo completamente mudada”, antecipou o frei ao jovem médico, que não frequentava a igreja porque não gostava da posição política da instituição, que considerava de direita e ligada à organização Tradição, Família e Propriedade ( TFP).

  
“É um homem extremamente humano. Quando perdi meu irmão em acidente de aviação, ele foi o primeiro a chegar à minha casa para consolar-me. quando fui operado de ponte de safena, ele levava a comunhão. É sempre amigo, leal, franco”, diz.

Entre um dos casos mais emocionantes de que se lembra, está a morte de um cachorro do filho, nos anos 70, quando o menino ainda estava com 10 anos. Transtornado, o garoto foi à igreja conversar com frei Cláudio. Voltou alegre. “Ele ficou mais de uma hora conversando com o meu filho porque sabia da importância daquele animal de estimação para ele”.

O homem sem medo que lutou contra a transposição do rio São Francisco e tem opiniões contundentes sobre aborto, eutanásia em artigos que estão na internet sob críticas severas dos católicos mais ortodoxos, é considerado um revolucionário para seus fiéis. É o caso do engenheiro e empresário Carlos Roberto Vasconcelos, o Tim, que admira o frei principalmente pelo fato de ele sempre estimular as pessoas a exercer a cidadania, a refletir sobre as questões ambiental, social. Frei Cláudio batizou os filhos de tim e também seus três netos. “Ele forma, antes de tudo, um cidadão. Quando ele ficou contra a transposição do rio São Francisco, teve coragem, independência. Autêntico e sincero, tem pontos de vista muito bem definidos e exterioriza isso de uma maneira muito clara”.


Talvez seja por isso que um fato inédito ocorreu com a possibilidade de frei Cláudio sair da paróquia do Carmo. Houve uma mobilização dos frequentadores para que isso não acontecesse. Foi uma mobilização, segundo os amigos, que nas- ceu da empatia do frei com os fiéis. O médico Lermino Pimenta conta, por exemplo, que tão logo conheceu frei Cláudio no final dos anos 60, ele uniu-se ao religioso em seu trabalho e foi o primeiro médico a atender nas obras assistenciais da Igreja do Carmo. para ele, frei Cláudio é mais do que um padre. “Ele atualiza a liturgia”, diz.

Sua mulher, Eliane Pacheco Pimenta, 70, reforça que essa aproximação foi porque, antes de tudo, frei Cláudio se tornou o principal representante da renovação teológica. “O tempo todo ele sempre defendeu a questão da fé como uma via de libertação da pessoa e não de seu aprisionamento”. Essa modificação traduziu-se num trabalho voluntário sem precedentes na paróquia do Carmo. São cerca de 500 voluntários e um ambulatório médico que atende cerca de 3.000 pessoas por mês. “O grande compromisso do frei Cláudio é mostrar a verdadeira face de jesus Cristo. Qualquer pessoa ligada, muito ou pouco, ao frei sente que pode contar porque ele é realmente um irmão. Ele nos faz muito bem”, completa o médico Lermino Pimenta que, juntamente a outros fiéis e admiradores, deram voz a frei Cláudio nessa matéria.



Fonte: Revista Viver Brasil

Um comentário:

ContraAteismo disse...

Vcs estão cegos?? os ensinamento destes hereges(Claudio e Betto)vão diretamente contra Jesus a Bíblia e os ensinamentos da Igreja,quem aceitas os ensinamentos desse hereges não é católico,e muito provavelmente queimara no inferno com os dois,a menos que se arrependam e peçam a misericórdia do Senhor