segunda-feira, 20 de maio de 2013

Prostituição na porta de casa


Moradores da Pampulha e do Mangabeiras reclamam da presença de garotas de programa. Além da prática de sexo em locais públicos, considerada crime, eles denunciam uso de drogas e aumento da violência. Rua Aldo Casillo, no Mangabeiras, é usada como motel, sem qualquer restrição. já a avenida Otacílio Negrão de Lima, na orla da lagoa da Pampulha, tem vários pontos à luz do dia.


Ruas e avenidas de bairros que abrigam dois dos principais cartões-postais de Belo Horizonte viraram pontos de prostituição em plena luz do dia ou motéis dentro de carros e em calçadas. A presença de garotas de programa e travestis que migraram de outras regiões para a orla da Lagoa da Pampulha e áreas próximas levou moradores a se mobilizarem para instalar câmeras nas ruas para tentar inibir a prostituição, que, segundo eles, aumentou nos últimos anos. Além da perturbação do sossego, eles reclamam do uso de drogas e da criminalidade. No Mangabeiras, que abriga pontos turísticos, como dois parques e a Praça do Papa, vias com pouca iluminação são usadas por motoristas que levam mulheres e travestis da Avenida Afonso Pena para o bairro. O aumento de prostitutas em BH é confirmado pela própria associação da categoria. No Brasil, prostituição não é crime, mas sexo em locais públicos é, assim como a exploração sexual.

O aumento de pontos de prostituição e de pessoas fazendo sexo dentro de carros na porta das casas está mobilizando moradores do entorno da Lagoa da Pampulha. Sem respostas da prefeitura e da Polícia Militar, eles decidiram agir por conta própria. Na Avenida Otacílio Negrão de Lima, bem perto do Museu de Arte e do Pampulha Iate Clube (PIC), cerca de 30 famílias se uniram e decidiram instalar 17 câmeras de vigilância para tentar inibir a presença de prostitutas. Eles denunciam que mulheres ficam nas ruas dos Estados, Guandu, Garopas e Ilha Grande durante o dia à espera de clientes. Durante a madrugada, o maior problema é na Rua Guandu, ao lado do PIC, na altura do Bairro Jardim Atlântico.

Moradores dizem que os pontos de prostituição aumentaram há cerca de três meses com as obras de duplicação da Avenida Dom Pedro I. Houve migração de mulheres da região do Bairro São João Batista para a orla. “Está insustentável, constrangedor. A região fica muito escura à noite, o que favorece a prostituição, uso de drogas e aumento da violência”, desabafa Ernani Sérgio Loretti Marques, que reuniu os vizinhos para tomar providências. Segundo ele, o quarteirão era tranquilo, mas há cerca de dois meses começaram a ocorrer assaltos.
               
A cobrança é por mais policiamento, nova iluminação e corte de árvores que escondem as lâmpadas na região. No sistema de monitoramento que será instalado, as imagens serão gravadas e ficarão à disposição da PM. Eles decidiram também que os policiais que patrulham a área poderão usar um espaço na portaria do PIC para atender ocorrências e ver as imagens. Placas serão colocadas também para avisar das filmagens. O custo da iniciativa será de R$ 20 mil.

O comandante da 15ª Cia. Especial do 49º Batalhão, capitão Wilson Silva de Lima, informou que mantém viaturas com rondas constantes na região, mas prostituição não é ilegal e ninguém pode ser retirado à força da área, a não ser que ocorram crimes. “O que vamos fazer é cadastrar, fazer abordagens inclusive de clientes. São formas de inibir”, disse. Segundo ele, a maioria das denúncias recebidas é de perturbação de sossego, sexo explícito e atentado ao pudor. Algumas pessoas já foram flagradas com crack e maconha, mas a corporação não tem dados sobre ocorrências policiais na região.

A reportagem do EM constatou a presença de prostitutas na orla e nas ruas próximas em plena tarde. Por volta das 15h, pelo menos sete mulheres faziam ponto na Rua dos Estados e esquina de Guandu com Otacílio Negrão de Lima. Sempre em dupla, elas se oferecem para quem parar o carro interessado em um programa. Algumas são discretas, outras passeiam pela lagoa à espera de clientes. Olham com desconfiança e só se exibem para quem parar e conversar.
Fonte: Estado de Minas

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