sexta-feira, 14 de março de 2014

Projeto cria vagão só para mulheres no metrô de Belo Horizonte

O espaço destinado ao público feminino é uma tentativa do parlamentar de evitar o assédio, especialmente em horários de pico. O Conselho Estadual da Mulher de Minas Gerais é contra a ideia:  "o projeto é “excludente” e cria uma situação de discriminação".


O “vagão rosa”, que circula há oito anos no metrô do Rio de Janeiro e recentemente foi implantando em Brasília, pode ter sua próxima parada em Belo Horizonte. Um projeto de lei pretende obrigar os responsáveis pelo trem metropolitano a destinar um vagão exclusivo para mulheres. A proposta foi apresentada pelo presidente da Câmara da capital, o vereador Léo Burguês (PTdoB), no fim do ano passado. Polêmica, a ideia será debatida hoje em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, na Praça da Estação. O espaço destinado ao público feminino é uma tentativa do parlamentar de evitar o assédio, especialmente em horários de pico. Segundo ele, 10 mil mulheres pediram uma solução para os constrangimentos que sofrem diariamente, por meio de um abaixo-assinado.

Segundo o vereador, as vítimas de assédio nos vagões superlotados têm medo de denunciar os crimes. “No horário de pico, os passageiros viajam muito apertados, momento em que acontece a ação contra as mulheres. Não há uma estatística real a respeito. É dever do poder público zelar pela integridade dos cidadãos”, defende.


O autor da proposta cita também o bom desempenho do “vagão rosa” no Rio de Janeiro e na capital federal. A medida é objeto de projetos de lei nas câmaras municipais de São Paulo e Salvador. Em Belo Horizonte, o PL 893/13 determina que a empresa responsável pela operação do sistema, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), seja multada em R$ 1.500 caso permita que homens entrem no vagão exclusivo. Os outros poderão ser usados por ambos os sexos.
Apesar dos argumentos, o Conselho Estadual da Mulher de Minas Gerais, vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese), é contra a ideia. Segundo a presidente da entidade, Neusa Cardoso Melo, o projeto é “excludente” e cria uma situação de discriminação. “Aqui em Minas, com exceção de determinados momentos de pico, o metrô não tem um acúmulo tão grande de passageiros que leve a uma coisa dessas”, criticou.

 A dirigente do Movimento Mulheres em Luta de Minas Gerais, Lívia Furtado, acredita que ações como essa são importantes: “Inclusive em outros estados, como São Paulo, a gente defende a criação de vagões exclusivos em trens e metrôs”. Ela também considera a medida uma solução imediatista, que deve ser complementada por outras ações que trazem segurança às usuárias do sistema de transporte coletivo. “Os locais de acesso ao metrô em BH são muito mal iluminados. Isso facilita a ação de maníacos ou estupradores”, completa.

Em nota enviada à Encontro, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) explica que vai cumprir todas as determinações legais que vierem a ser implantadas pela legislação, adequando a operação do metrô ao cumprimento das mesmas. “Desde o lançamento da proposta na Câmara, a CBTU acompanha a discussão sobre o assunto e aguarda o andamento natural do processo, certa de que todo benefício extensivo ao usuário do metrô será bem-vindo”, diz o texto.

Resta aguardar a aprovação do projeto, que ainda está na fase inicial de tramitação na CMBH. “É preciso deixar claro que as mulheres podem continuar usando os outros vagões normalmente”, lembra a dirigente do Movimento Mulheres em Luta, Lívia Frurtado.


Fontes: Estado de Minas e www.sites.uai.com.br

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