sábado, 19 de outubro de 2013

A Igreja e as novas famílias


Sínodo dos Bispos, que será realizado em outubro de 2014, deverá discutir novas formações familiares. Além das definições, o essencial é "a necessidade de responder aos desafios complexos da nossa sociedade" que os bispos do mundo vão discutir por impulso do papa. A centralidade da misericórdia, a ideia de que "a verdade não se esgota na definição dogmática", mas "se insere no amor e na plenitude de Deus".


Por Gian Guido Vecchi

O grande teólogo Bruno Forte, arcebispo de Chieti e Vasto, na Itália, foi nomeado nessa segunda-feira (16) por Francisco como secretário especial da Assembleia Extraordinária do Sínodo que se realizará no Vaticano, de 5 a 19 de outubro de 2014. Ao seu lado estará o cardeal húngaro Peter Erdo, que será o relator-geral. O tema será "Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização".

E os bispos se concentrarão também nas chamadas novas famílias, embora Dom Forte esclareça que a definição é "imprópria" para a Igreja: "Por família, entende-se a união entre homem e mulher fundada no matrimônio e aberta à procriação. Podemos falar de coabitação, de casais de fato...".
Além das definições, o essencial é "a necessidade de responder aos desafios complexos da nossa sociedade" que os bispos do mundo vão discutir por impulso do papa. A centralidade da misericórdia, a ideia de que "a verdade não se esgota na definição dogmática", mas "se insere no amor e na plenitude de Deus".
Sobre os divorciados em segunda união, excluídos dos sacramentos, o novo curso de Francisco havia sido anunciado no fim de julho, na viagem de retorno do Brasil: "Eu acredito que este tempo seja um kairós, uma ocasião de misericórdia". Além disso, é um problema que "não pode ser reduzido apenas" à questão "se se pode ou não fazer a comunhão", declarou ele. Isso significaria "não entender qual é o verdadeiro problema, um problema grave de responsabilidade da Igreja com relação às famílias que vivem nessa situação".

No caso específico, Bergoglio está pensando na possibilidade de anular o primeiro matrimônio por "falta" ou "carência" de fé dos cônjuges e regularizar assim as "segundas uniões". Ele também acenara aos ortodoxos que permitem uma "segunda chance". E deu a entender que isso seria discutido tanto pelo Conselho dos oito cardeais quanto pelo Sínodo. Que, sobre esse ponto, vai ampliar a discussão para todos os casais "irregulares". Incluindo as uniões de fato às quais o próprio Francisco havia se referido no mês passado: a Igreja "deve mostrar o rosto" de uma "acolhida cordial", em particular aos "casais coabitantes".
A própria escolha de Bruno Forte é indicativa. Ele fora o teólogo que denunciou no último Sínodo a "dramática situação dos filhos dos divorciados em segunda união, que muitas vezes são afastados dos sacramentos pela não participação dos pais".

Francisco quis que se falasse também de todas as situações "difíceis". Não está previsto que se fale de casais gays: "O olhar de amizade e misericórdia vai a cada pessoa, mas aqui se trata de outra problemática com relação às famílias", explica Forte.

Destaca-se a excepcionalidade de uma assembleia de bispos chamada a discutir esses temas: "O papa acredita na colegialidade, a ideia de que o Espírito fala à Igreja como um todo. Isso não põe em questão a sua autoridade, ao contrário, é ele que faz o discernimento. Mas ele se põe à escuta. E nos pede que todos saibam que todos são todos filhos da Igreja, que a Igreja os ama e que a ternura de Deus não os abandona nunca".

Fonte: Dom Total



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