domingo, 22 de julho de 2012

O olhar de Jesus


Não se irrita por ter seus projetos interrumpidos. Olha-os detalhadamente e fica comovido. Não fica aborrecidos pelas pessoas. Seu coração intui a desorientação e o abandono dos camponeses daquelas aldeias.
Na igreja devemos aprender a olhar as pessoas como Jesus as olhava: captando seu sofrimento, a solidão, o desconcerto e o abandono que sofrem muitos e muitas. A compaixão não brota da atenção a normas ou a lembrança de nossas obrigações. Se desperta em nós quando olhamos atentamente aos que sofrem.


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,30-34 que corresponde ao XVI Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
 Eis o texto
Marcos descreve com muito detalhe a realidade. Jesus se dirige na braça com seus discípulos para um lugar tranqüilo e retirado. Ele quer escutá-los com calma, pois voltaram cansados de sua primeira experiência evangelizadora e desejam partilhar sua experiência com o Profeta que os enviou. O objetivo de Jesus fica frustrado. As pessoas percebem sua intenção e elas vão à sua frente correndo pela beira do mar. Quando Jesus e os discípulos chegam ao lugar encontram uma multidão vinda da todas as aldeias do redor. Como Jesus ira reagir?
Marcos descreve graficamente sua atuação: os discípulos devem aprender como devem tratar as pessoas; nas comunidades cristãs deve-se recordar como era Jesus com essas pessoas perdidas no anonimato, auquelas com as quais ninguém se preocupa. Ao desembarcar Jesus viu uma multidão, comoveu-se porque elas andavam com ovelhas sem pastor, e começou a ensina-lhes com calma.
O primeiro que destaca o evangelista é o olhar de Jesus. Não se irrita por ter seus projetos interrumpidos. Olha-os detalhadamente e fica comovido. Não fica aborrecidos pelas pessoas. Seu coração intui a desorientação e o abandono dos camponeses daquelas aldeias.
Na igreja devemos aprender a olhar as pessoas como Jesus as olhava: captando seu sofrimento, a solidão, o desconcerto e o abandono que sofrem muitos e muitas. A compaixão não brota da atenção a normas ou a lembrança de nossas obrigações. Se desperta em nós quando olhamos atentamente aos que sofrem.
A partir deste olhar Jesus descobre a necessidade mais profunda daquelas pessoas: “elas andam como ovelhas que não tem pastor”. O ensino que recebem os mestres e letrados da lei não lhes oferece o alimento que elas necessitam. Moram sem que ninguém cuide delas. Moram sem pastor que as conduza e as defenda.
Movido pela sua compaixão Jesus “começa a ensinar-lhes com calma”. Sem pressa, ele se dedica com paciência a ensinar a Boa Noticia de Deus e seu projeto de humanização do reino. Não é uma obrigação. Ele não pensa em si mesmo. Comunica-lhes a Palavra de Deus comovido pela necessidade que têm de um pastor.
Nós não podemos ficar indiferentes frente a tantas pessoas que dentro de nossas comunidades cristãs estão buscando um alimento mais sólido daquele que recebem. Não devemos aceitar como si fosse normal a desorientação religiosa dentro da Igreja. Devemos reagir de forma lúcida e responsável. Não são poucos os cristãos que buscam ser melhor alimentados. Precisam de pastores que lhes comuniquem o ensino de Jesus.
Fonte: Adital

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