sexta-feira, 29 de junho de 2012

A fé da mulher


As mulheres não encontram entre nós a valorização e a compreensão que encontraram em Jesus. Não sabemos olhar para elas como as olhava Jesus. Mas muitas vezes são também elas que, hoje com sua fé em Jesus e seu sopro evangélico, sustentam a vida das nossas comunidades cristãs.

José Antonio Pagola comenta o Evangelho do XIII Domingo do Tempo Comum.
A cena é impressionante. O evangelista Marcos apresenta uma mulher desconhecida como um modelo de fé para as comunidades cristãs. Dela poderão aprender a olhar para Jesus com fé, como ter um toque de cura com ele encontrando a força para começar uma vida nova, cheia de paz e de saúde.
 Ao contrário de Jairo, identificado como “chefe da sinagoga” e homem importante em Cafarnaúm, esta mulher não é ninguém. Só sabemos que tem uma doença secreta, normalmente de mulheres, o que lhe impede viver como uma mulher saudável, esposa e mãe.
 Ela sofre muito física e moralmente. Ela gastou tudo o que tinha na procura de médicos, mas ninguém conseguiu curá-la. No entanto, recusa-se a viver para sempre como uma mulher doente. Ela está sozinha. Ninguém a ajuda a se aproximar de Jesus. Ela saberá encontrá-lo, no entanto.
 Ela não espera passivamente que Jesus se aproxime dela. Ela não espera que ele a toque com suas mãos. Ela vai olhar. Irá superar todos os obstáculos. Ela fará tudo o que está ao seu alcance. Jesus compreenderá seu desejo de uma vida mais saudável. Ela confia plenamente no seu poder de cura.
 A mulher não se contenta apenas em ver Jesus de longe. Ela busca um contato mais direto e pessoal. Age de forma decisiva, mais não é um agir louco. Não quer incomodar ninguém. Aproxima-se de Jesus por trás da multidão, e toca seu manto. Nesse gesto delicado se manifesta sua plena confiança em Jesus.
 Tudo aconteceu em segredo, mas Jesus quer que todos saibam da grande fé desta mulher. Quando ela, assustada e trêmula, admite o que fez, disse Jesus: “Filha a tua fé te salvou. Vai em paz e com saúde”. Esta mulher, com sua capacidade de buscar e aceitar a salvação oferecida a nós em Jesus é um modelo de fé para todos.
 Quem ajuda as mulheres de hoje ao encontro com Jesus? Quem tenta entender os obstáculos que encontrem na Igreja de hoje para viver sua fé em Cristo, em paz e saúde? Quem valoriza a fé e os esforços das teólogas que, sem nenhum apoio e vencendo todos os tipos de resistência e rejeição, trabalham incansavelmente para abrir caminhos que permitam às mulheres viver com mais dignidade na Igreja de Jesus?
 As mulheres não encontram entre nós a valorização e a compreensão que encontraram em Jesus. Não sabemos olhar para elas como as olhava Jesus. Mas muitas vezes são também elas que, hoje com sua fé em Jesus e seu sopro evangélico, sustentam a vida das nossas comunidades cristãs.
Fonte: Ihu

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