O Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF) advertiu no final de agosto (29) que mulheres e meninas em
todo o mundo gastam 200 milhões de horas por dia coletando água.
O anúncio foi feito durante
reunião realizada no mesmo dia na Semana Mundial da Água, em Estocolmo, na
Suécia, onde centenas de especialistas debateram formas de melhorar o acesso global
à água.
“Duzentas milhões de horas
representam 8,3 milhões de dias ou mais de 22,8 mil anos no total”, disse o
diretor global dos programas do UNICEF para água, saneamento e higiene, Sanjay
Wijesekera.
“Quando a água não está
disponível e precisa ser coletada, as mulheres são (frequentemente)
encarregadas dessa função e sofrem com a perda de tempo”, acrescentou.
De acordo com o UNICEF, na África
Subsaariana, uma caminhada para coletar água dura, em média, 33 minutos nas
áreas rurais e 25 minutos nas áreas urbanas. Na Ásia, o tempo é de 21 minutos e
19 minutos, respectivamente.
No entanto, em determinados
países, os números podem ser maiores. No Iêmen, na Mauritânia, na Somália e na
Tunísia, uma única viagem pode levar mais de uma hora.
Um estudo feito em 24 países na
África Subsaariana revelou que, quando o tempo de coleta de água é maior que 30
minutos, calcula-se que 3,3 milhões de crianças e 13,5 milhões de mulheres
façam esse tipo de trabalho diariamente.
No Malawi, a ONU estima que a
média de coleta da água por mulheres foi de 54 minutos, enquanto os homens
gastaram apenas 6 minutos. Na Guiné e na Tanzânia, o tempo médio de coleta das
mulheres foi de 20 minutos, o dobro que o dos homens.
Além das mulheres sofrerem com a
coleta de água, essa atividade pode afetar a saúde de toda a família,
principalmente das crianças. Mesmo quando a água é recolhida a partir de uma
fonte segura, o fato de ela ser transportada e armazenada aumenta o risco de
contaminação por coliformes fecais.
Com isso, aumenta também a ameaça
de diarreia, que é a quarta principal causa de morte entre menores de 5 anos e
uma das principais causas da desnutrição crônica ou nanismo, que afeta 159
milhões de crianças em todo o mundo.
Segundo o UNICEF, mais de 300 mil
crianças menores de 5 anos morrem anualmente de doenças relacionadas à diarreia
devido à falta de saneamento, à falta de higiene ou ao consumo de água não
potável. Os dados representam um número de 800 óbitos por dia.
“Não importa onde você olha, o
acesso a água potável faz a diferença na vida das pessoas”, disse Wijesekera.
“As necessidades são claras; os objetivos são claros. Mulheres e crianças não
podem gastar muito tempo com esse direito humano básico.”
O Objetivo de Desenvolvimento
Sustentável número 6 quer que o mundo forneça acesso universal e igualitário à
água até 2030.
Fonte: ONU Brasil
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