segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Abusos sexuais com uso de soníferos e coquetéis de drogas

Acusações de abuso sexual feitas por dezenas de mulheres americanas ao comediante e apresentador de TV Bill Cosby têm casos semelhantes em Minas Gerais, onde muitas vítimas foram drogadas e violentadas.


QUINHOO personagem principal é comediante, mas a história não tem nada de engraçado. Pelo contrário, em vez de arrancar risadas, o último episódio da série que envolve o apresentador de TV Bill Cosby é trágico e virou caso de polícia. A última edição da revista quinzenal americana New York traz na capa fotos de 35 das 46 mulheres que alegam ter sido estupradas após ser dopadas com um forte sedativo pelo comediante, em crimes cometidos ao longo de anos nas décadas de 1970 e 1980.

A história, que ganhou holofotes em todo o mundo, é semelhante ao registrado por boletins de ocorrência em Minas, onde autoridades policiais investigam abusos sexuais com uso de soníferos e coquetéis de drogas que provocam sedação e amnésia conhecidos como “boa noite cinderela”.

Levantamento feito pelo Estado de Minas indica pelo menos 10 histórias semelhantes às das vítimas de Cosby, que foram estupradas em Belo Horizonte e no interior de Minas depois de cair em golpes com o uso de sedativos. O crime de estupro, de modo geral, cresceu em 2015 na capital (7,7%), na comparação com o ano passado, enquanto na região metropolitana a elevação foi de 5,6%. No estado, houve queda de 2%.

Nos EUA, a estratégia de Cosby descrita pela revista New York era sedar as mulheres durante aulas de interpretação em que ele, geralmente, oferecia a elas um café ou drinque, misturado com a droga que as deixava inconscientes e debilitadas. Por aqui, os relatos das vítimas à polícia são semelhantes. Em depoimento, aquelas que vencem o medo e o constrangimento do abuso afirmam ter ingerido algum tipo de bebida e depois “apagado”.

Adjunta da Delegacia de Mulheres de Belo Horizonte, a delegada Cristiane Ferreira Lopes afirma que são frequentes os casos de estupro em que as mulheres relatam ter perdido a consciência por terem sido dopadas. “De modo geral, há abuso de bebida alcoólica, mas há casos em que os sintomas são muito semelhantes ao uso de sedativos.”

Outro problema relatado pela polícia é a identificação do autor. Em um desses casos, uma jovem da capital,de 25 anos, dopada em um casa noturna da Região Centro-Sul, não soube informar à polícia a identidade do agressor que a levou para a casa dele e a estuprou. Ela contou à polícia que conheceu o agressor e que “ficou” com ele, assim como a amiga que a acompanhava também se relacionou com o amigo do rapaz. Disseram que beberam cerveja e que em alguns momentos foram ao banheiro e deixaram os copos da bebida sobre o balcão. No depoimento, a jovem relata não se lembrar de mais nada, “como se tivesse dormido e acordado horas depois”, consta no BO.

Quando retomou a consciência, a vítima estava seminua, no quarto do agressor, que mantinha relações sexuais com ela sem seu consentimento. Ainda segundo a ocorrência, “apesar de ter retomado os sentidos, ela não conseguia se mover direito, estando com o corpo meio dormente e sem poder de reação, com movimentos e raciocínio lentos, como se estivesse grogue. A amiga também estava na casa e, apesar de vestida, também tinha os mesmos sintomas. As duas procuraram a polícia.

Em Nova Lima, na Grande BH, dois estupradores foram identificados pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher por dopar jovens e manter relação sexual com elas. Um deles foi detido em abril. Agnaldo Ferreira de Aguiar, mais conhecido como Guina, foi preso, acusado de colocar gotas do remédio Rivotril na bebida de pelo menos duas mulheres, uma de 18 anos e a outra de 20.

VINHO De acordo com a delegada titular Renata Ribeiro Fagundes, a jovem combinou de se encontrar com Guina em um bar por meio de um aplicativo de relacionamento. “Eles chegaram ao bar e pediram um vinho. Agnaldo pegou outro copo com gelo e jogou no vinho. A jovem lembra-se de ter acordado no outro dia com muitas dores na região genital.”

Depois de fazer a denúncia, a jovem foi encaminhada para exames e para receber tratamento de profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis. “Ele levava na mochila um vidro de Rivotril, o medicamento que usou para dopar a jovem. Ele deu a ela oito gotas. Para quem não toma o medicamento, três são suficientes para a pessoa apagar”, informou a delegada.

Fonte: Estado de Minas

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