sexta-feira, 28 de março de 2014

Prostituição: profissão ou estupro remunerado?

Mulheres resgatadas da prostituição estão criticando agências da ONU e a Anistia Internacional por tentarem legalizar a prostituição insistindo em que a legalização levaria ao tráfico de mais meninas, e transformaria os cafetões em empresários legítimos.  “Quando [funcionários da ONU] trabalharem num bordel, só então darei atenção ao argumento deles,” disse uma ex-prostituta forçada se referindo à agência da ONU recentemente criada chamada ONU Mulheres.


“Que porcaria eles [Anistia Internacional] estão pensando,” disse Rachel Moran, uma ex-prostituta forçada da Irlanda. Autora do livro “My Journey Through Prostitution” (Minha Jornada na Prostituição), Moran se refere a um documento preliminar vazado que defende a legalização do “trabalho do sexo.” O relatório, que de acordo com um dos participantes do painel foi escrito em parte por um ex-cafetão que é agora funcionário da Anistia Internacional, foi criticado por criar um “direito dos homens comprarem sexo.”

As sobreviventes do tráfico sexual e prostituição falaram diante de uma multidão enorme na conferência anual da ONU sobre mulheres. O painel sobre “Prostituição e Trabalho Sexual,” organizado pela Coalizão contra Tráfico de Mulheres (CCTM), foi realizado enquanto diplomatas negociavam se poderiam descrever a prostituição como “trabalho de sexo.”

O termo “trabalho de sexo” se originou de cafetões dos EUA a fim de normalizar a prostituição. Embora muitos usem o termo para evitar ofender mulheres prostituídas, normalizar a frase só beneficia cafetões e aproveitadores, disseram os participantes do painel. A prostituição não é trabalho, argumentaram eles — é estupro pago, e usar o termo prejudica os esforços para detê-lo.

Agências da ONU recentemente lançaram relatórios que instruem os países a descriminalizar todos os aspectos da prostituição para reduzir o HIV/AIDS e promover direitos humanos. Um relatório do Programa de Desenvolvimento da ONU (PDONU) sobre HIV e a Lei e o Trabalho de Sexo e a Lei na Ásia e no Pacífico, um relatório apoiado pelo PDONU, FNUAP e UNAIDS, pede a descriminalização da prostituição.

Os relatórios da ONU indicam que as mulheres prostituídas “trabalham” por escolha. Contudo, Natasha Falle, fundadora de SEXTRADE 101, disse que mais de 95 por cento querem sair, mas precisam de assistência. Falle, uma canadense sobrevivente do tráfico sexual, tem ajudado centenas de mulheres a escapar da prostituição.

Os relatórios da ONU sugerem que a legalização fornece proteções para mulheres prostituídas. Errado de novo, disseram as participantes do painel. Homens que pagam por sexo são viciados em usar o corpo das mulheres como drogas, disse uma ex-vítima. Os homens acreditam que o tempo que eles compraram para estar com uma mulher os coloca em controle total. Não dá para se fazer cumprir as leis que exigem o uso da camisinha.

As participantes ficaram de boca aberta quando foram informadas que um email obtido de ONU Mulheres revelou apoio à descriminalização. As ex-mulheres prostituídas incentivaram a audiência lotada a dizer a ONU Mulheres elas devem retirar seu apoio à descriminalização e que a prostituição tem de ser tratada como violência com base no gênero.

No mês passado a Anistia Internacional respondeu à repercussão de seu relatório vazado declarando: “Não fizemos ainda nenhuma decisão.” A Anistia comentou que a Organização Mundial de Saúde, ONU Mulheres, a Comissão Global sobre HIV e a Lei, o Inspetor Especial da ONU sobre Direito à Saúde e o Observatório de Direitos Humanos todos “apoiam ou estão pedindo a descriminalização do trabalho de sexo.”

Fonte: www.brasilacimadetudo.com

Um comentário:

Anônimo disse...

E qual é a posição da pastoral em relação ao assunto?