sexta-feira, 1 de novembro de 2013

General angolano acusado de financiar tráfico de mulheres

O Brasil emitiu um mandado de captura contra o empresário Bento dos Santos 'Kangamba', acusando-o de chefiar uma rede de tráfico de brasileiras.


"O Estado [de São Paulo] apurou que, na 'Operação Garina' deflagrada nessa quinta-feira, 24, a Polícia Federal pediu e a Justiça concedeu a prisão do general Bento dos Santos 'Kangamba', caso ele desembarque no Brasil, e incluiu seu nome e o de um comparsa na lista de procurados da Interpol", escreve o jornal brasileiro na edição de hoje.

No texto do "Estadão", acrescenta-se que "o general é dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), mesmo partido do presidente, e tem influência no governo por meio de sua mulher, uma filha de Avelino dos Santos, irmão do presidente".

Esta não é a primeira vez que o nome do empresário aparece nas páginas dos jornais internacionais, que o dão como envolvido em casos de polícia: em junho, foi também notícia em França, estando envolvido numa investigação em curso sobe a posse de elevadas quantias de dinheiro não declarado, e nesse mesmo mês foi também noticiado que comprou uma casa no mesmo condomínio privado do internacional português Ronaldo, em Madrid.

Em Portugal, a ligação empresarial deste dono único do campeão nacional de futebol de Angola, o Kabuscorp, passa também por ser o principal patrocinador do Vitória de Guimarães, que aliás tem as iniciais 'B K' estampadas nas camisolas de jogo, havendo um protocolo entre os dois clubes de futebol.

Na quinta-feira, a Polícia Federal brasileira desarticulou uma rede de tráfico internacional de mulheres que levava brasileiras para Angola, onde eram oferecidas a clientes de alto poder económico, informou aquela força.

A 'Operação Garina' (menina, na gíria angolana), levou à prisão de cinco pessoas (três brasileiros e dois estrangeiros) envolvidas no processo e à execução de outros onze mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, São Bernardo do Campo, Cotia e Guarulhos, todas no estado de São Paulo, na região sudeste do Brasil.

As mulheres eram aliciadas em casas noturnas de São Paulo pelos membros da rede, que ofereciam 10 mil dólares (7.290 euros) para que elas se prostituíssem por uma semana em Angola.

A investigação acredita que os criminosos movimentaram cerca de 45 milhões de dólares (14,7 milhões de euros) com o tráfico internacional destas mulheres, nos últimos seis anos.

Para além deste caso, o nome de Bento dos Santos 'Kangamba' está também envolvido noutro processo em França. A 14 de junho, a polícia alfandegária francesa apreendeu perto de 3 milhões de euros encontrados no porta-bagagens de dois Mercedes de matrícula portuguesa, e deteve cinco indivíduos, de nacionalidade portuguesa, angolana e cabo-verdiana, acusados de branqueamento de capitais e crime organizado, segundo o jornal La Provence.

Os automóveis saíram de Portugal com destino ao Mónaco, tendo sido apreendidos em duas operações distintas. Quatro indivíduos apresentaram-se na esquadra de Montpellier para libertar os ocupantes detidos da segunda viatura e recuperar o dinheiro, tendo sido também detidos.

Um deles era portador de 60 mil euros e de um cartão bancário em nome do general Bento dos Santos 'Kangamba' e outro reclamou 100 mil euros do montante apreendido, que se destinaria a gastos de jogo no casino Metrópole no Mónaco.

"O Bento [Kangamba] explicou-me que as apostas nos casinos do Mónaco são muitos elevadas e podemos chegar a gastar oito mil euros em cinco minutos", justificou o angolano José Francisco.

A justiça de Marselha tenta desvendar um caso de lavagem de dinheiro e crime organizado, mas os advogados dos acusados pretendem reduzir a única infração aduaneira pelo facto do montante não ter sido declarado, medida necessária para o transporte de valores acima dos 10 mil euros.


Fonte:www.economico.sapo.pt

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