domingo, 16 de setembro de 2012

Japonês fotografa vida de prostitutas no pelourinho

Mal se vêm os rostos das mulheres. Elas são anônimas, pobres, por vezes distantes dos padrões de beleza. Cobram 25 reais por um programinha de meia hora. O fotógrafo japonês Hirosuke Kitamura, 44 anos, o Oske, capta suas sombras, silhuetas e alguns movimentos rápidos na intimidade de quartos e em varandas que se abrem para a Baía de Todos os Santos. Os velhos bordéis do Pelourinho, chamados de bregas, são seu cenário.

Retratar a rotina e os gestos das prostitutas nos velhos bordéis do Pelourinho, em Salvador, tornou-se parte do estilo de vida do fotógrafo japonês Hirosuke Kitamura.
Oske vive há 20 anos no Brasil e se dedica a fotografar o antigo mercado do sexo, instalado em casarões centenários entre as ladeiras da Montanha e da Conceição da Praia, desde 1999. Ele quer preservar as imagens e os gestos de um ambiente decadente, condenado a desaparecer, do qual ele, fascinado, passou a fazer parte.
Equipado com uma câmera Hasselblad, Oske circula pelos bregas ouvindo música nas radiolas – quatro músicas custam 2 reais – e tomando uma cervejinha. Ganhou o apelido de China e virou figura fácil, tanto que quase passa despercebido. Sem comprar serviços de prostituição, conquistou a confiança das moradoras, das donas da zona e assim encontrou as modelos para suas fotos.
O resultado desse trabalho se transformou na exposição Hidra, montada na 1500 Gallery, de Nova York, e na Fauna Galeria, em São Paulo. “Meu objetivo principal não é documental, não é, exatamente, retratar os bregas”, diz, cheio de sotaque, o discípulo de Mario Cravo Neto e Miguel Rio Branco. “O que me interessa é a expressão do movimento do corpo, a textura e a mistura de emoções. Há vários paradoxos nesses bordéis: prazer e sofrimento, miséria e pureza, erotismo e sentimento de abandono”.

Fonte : Exame

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