domingo, 5 de agosto de 2012

Pão de vida



Jesus se apresenta como esse Pão de vida eterna. Cada um de nós deve decidir como quer viver e como quer morrer. Mas acreditar em Cristo é alimentar em nós a força indestrutível, começar a viver uma realidade que não acabara com nossa morte. Seguir a Jesus é entrar no mistério da morte sustentado por uma força ressuscitadora.

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6, 24-35 que corresponde ao XVIII Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
 
Eis o texto.
 Por que seguir interessando-nos por Jesus depois de vinte séculos? Que podemos esperar dele? O que se pode trazer a nós, homens e mulheres de nosso tempo? Resolver-nos-á? O evangelho de João fala de um diálogo de grande interesse, que Jesus mantém com uma multidão na beira do lago de Galileia.
 No dia anterior eles partilharam com Jesus uma refeição surpreendente e gratuita. Comeram pão até saciar-se. Como vai permitir-lhes ir embora? O que eles procuram é que Jesus repita seu gesto e os alimente de novo gratuitamente. Eles não pensam nada mais.

Jesus os deixa desconcertados com uma exposição inesperada. “Não trabalhem pelo alimento que se estraga; trabalhem pelo alimento que dura para a vida eterna.” Mas como não nos preocuparmos com o pão de cada dia? O pão é indispensável para viver. Necessitamos e devemos trabalhar para que ele nunca falte a ninguém.
 Jesus sabe disso. O pão está em primeiro lugar. Sem comer nunca poderemos subsistir. Por isso ele se preocupa tanto com os famintos e mendigos que não recebem dos ricos nem a migalhas que caem de sua mesa. Por isso amaldiçoa os latifundiários insensatos que armazenam o grão sem pensar nos pobres. Por isso ensina seus seguidores a pedir cada dia ao Pai o pão para todos seus filhos.
 Mas Jesus deseja despertar nesses homens uma fome diferente. Fala-lhes de um pão que não sacia a fome de um dia somente, mas da fome e da sede de vida que há na pessoa humana. Não podemos esquecê-lo. Em nós há uma fome de justiça para todo o mundo, uma fome de liberdade, de paz, de verdade. Jesus se apresenta como esse Pão que procede do Pai, não para fartarmos de comida mas para “dar vida ao mundo”.
 Este Pão vindo de Deus “permanece até a vida eterna”. Os alimentos que comemos cada dia nos mantêm vivos durante anos, mas chega um momento que não conseguem nos defender da morte. É inútil que continuemos comendo. Eles não conseguem nos dar vida além da morte.
 Jesus se apresenta como esse Pão de vida eterna. Cada um de nós deve decidir como quer viver e como quer morrer. Mas acreditar em Cristo é alimentar em nós a força indestrutível, começar a viver uma realidade que não acabara com nossa morte. Seguir a Jesus é entrar no mistério da morte sustentado por uma força ressuscitadora.
Ao escutar suas palavras, aquelas pessoas de Cafarnaum gritam desde o profundo de seu coração: “Senhor dai-nos sempre desse pão. Desde nossa fé vacilante, não nos atrevemos a pedir coisa alguma. Talvez nos preocupe somente a comida de cada dia. E às vezes somente a nossa.

Fonte: Ihu

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