quarta-feira, 16 de março de 2016

Dois modos de ser católica e feminista

Anne Soupa
"São os homens que detêm o poder na Igreja. O poder de celebrar, de governar ...". Na base desta constatação, Christine Pedotti e Anne Soupa criaram em 2008 o Comité de la jupe (Comissão de saia), que visava promover uma presença mais ativa das mulheres na instituição católica. 

Para Anne Soupa, as posições de Roma sobre a maioria das questões relativas às mulheres (aborto, contracepção, igualdade com os homens ...) são batalhas da retaguarda.

A reportagem é de Julien Auriach, publicada por La Vie, 04-03-2016. A tradução é de Ramiro Mincato.

E, embora acolhendo com favor a linha do Papa Francisco em visa de um melhor reconhecimento das mulheres, Christine Pedotti discorda com "sua fraseologia que favorece a complementaridade." Dado que mulheres e homens são iguais e não "complementares", porque as mulheres não podem aceder ao sacerdócio? A questão, declarada encerrada pelo Papa João Paulo II, não tem chance de ser reaberta pelo papa atual, e não provoca grande agitação na Igreja ... Outras católicas não se opõem ao magistério. Pelo contrário, elas fazem referência, mas em nome da ecologia, para melhor inserir-se na linha eco-feminista.

"A maioria das técnicas contraceptivas são prejudiciais ao meio ambiente, são caras, negam a natureza carnal das mulheres", afirma Marianne Durano. Esta jovem professora de filosofia, que escreve na Revista Limite, denuncia "a vitória do mercado sobre a família". Um pouco provocativamente, exprime também reservas em matéria de gestão da fecundidade e controle de natalidade. Os problemas estariam coligados, enquanto estas técnicas permitem também um prolongamento do tempo de trabalho das mulheres por meio da criogenização dos oócitos, por exemplo, já praticado na América do Norte.

Menos polêmica, Nathalie Loiseau, diretora do ENA, gosta de dizer que o feminismo católico, antes de tudo "nasceu do humanismo cristão, que não pode tolerar que se deixe de lado a própria vida pessoal em favor de ser mais produtiva. É preciso permitir às mulheres de escolher, também, serem mães e trabalhadoras".

Fonte: Ihu

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