quarta-feira, 2 de março de 2016

Arcebispo prepara relatório sobre miséria e exploração na Ilha do Marajó



O arcebispo emérito de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, pretende relatar ao Papa Francisco os problemas vivenciados pelos dos moradores da Ilha do Marajó, no Pará. O arcebispo está em visita pelo Estado e realizou audiências com os moradores de quatro municípios da região e prepara um relatório sobre as condições de miséria e exploração sexual das comunidades.

Durante cinco dias de viagem acompanhado de uma comitiva formada pelo bispo da prelazia do Marajó, Dom José Luiz Azcona e integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o arcebispo visitou os municípios de Melgaço, Breves, Portel e Soure.

Em todas as cidades foram realizados encontros e audiências com a presença dos moradores. Os relatos devem integrar um relatório que o arcebispo pretende entregar pessoalmente ao papa Francisco.
“A gente fará relatórios sobre o que está ocorrendo e o papa sempre diz: ‘Olha vai par aqueles lugares mais sofridos, mais distantes, mais abandonados'. O povo é pobre, a grande maioria do povo é pobre e muita gente na miséria. Tem gente que não tem nada mesmo, é impressionante", comenta Dom Cláudio.
O município de Melgaço, que possui quase 26 mil habitantes, carrega o título do pior Índice de Desenvolvimento Humano do País (IDH). A pobreza ainda se reflete em problemas como a exploração sexual infantil de crianças e adolescentes nas balsas de transporte de carga na região.
“Quem fica na beira do rio Tajapurú vê esse movimento diariamente nas balsas circulando e com a presença de menores, de mulheres que inclusive entram nas balsas para se prostituírem como nós já escutamos relatos disso”, conta a coordenadora da Comissão Justiça e Paz da CNBB, Irmã Henriqueta.
O bispo da prelazia do Marajó, Dom José Luiz Azcona, que acompanhou a visita, é defensor dos direitos humanos na ilha há mais de 30 anos. Após denunciar a exploração sexual de crianças e adolescentes na região, o bispo foi ameaçado de morte.
“Ainda não serão as medidas efetivas necessárias. Existe muito descaso por parte de todas as autoridades. Está sendo um povo abandonado e chegou alguém de tão longe como ele que tem contato constante com o papa para uma nova esperança ao povo que está agonizando”
O arcebispo ainda deve ficar no estado até o dia 4 de março.

Fonte: G1 Globo

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