quarta-feira, 9 de abril de 2014

Prostituição corre livre na internet

Profissionais do sexo trocam ruas e boates pela Internet em busca de mais segurança, privacidade, lucro e até conforto.

O celular toca, são combinados preço e lugar. Mais um programa está agendado. Pode ser em um motel, em um privê ou na residência do cliente. E são cerca de seis a oito por dia, dependendo da disponibilidade dela. A cada atendimento, um cliente diferente, um corpo novo e o pagamento em dinheiro vivo. A combinação sempre se dá sem o primeiro contato direto. O cliente faz a escolha pela tela do computador.
É assim que as garotas de programa que trocaram as boates, casas de prostituição e ruas pelos anúncios na Internet organizaram a prestação do serviço para se diferenciarem no mercado, conseguirem mais discrição, segurança e lucros. Embora estejam expostas na rede virtual, elas afirmam que a contratação do serviço por meio da Internet também permite que elas se resguardem. "Nunca procurei uma boate para trabalhar porque não gostaria de encontrar amigos ou de ser identificada por alguém conhecido. Faço programa há dois anos, mas não conto para ninguém. Nem minha família sabe", explica Luciana*, 20, anunciante de um site de acompanhantes na capital.
De acordo com a jovem, outro benefício dos sites de garotas de programa é a independência que adquire. "Posso sair o dia que quero e imponho as minhas condições, o que topo fazer ou não", diz. Ela relata que o ganho é bem maior quando se opta por atender via Internet.
"Depois de dois anos de trabalho, tenho minha condição financeira consolidada. Se quisesse parar de trabalhar hoje, eu poderia", afirma. A experiência do ganho rápido também é relatada por Lorena*, 23.
Há cerca de dois anos ela faz programas e não trocaria mais o sucesso de hoje no site pela vida que levava em uma agência de garotas onde trabalhava. "Atualmente, eu tomo conta do meu próprio negócio. Eu mesma combino com o cliente e não preciso dividir o dinheiro com o agenciador, como acontecia antes", garante Lorena. Em alguns casos, não são as mulheres que fazem os próprios anúncios, mas casas chamadas relax, scoth bar ou de massagem colocam a propaganda virtual. Em um desses estabelecimentos, no bairro Santo Agostinho, 18 garotas atendem, recebem o valor do programa e a casa lucra com o preço do aluguel do quarto e da entrada. De acordo com Grazzi, 18, que trabalha nesse local, essa forma de publicidade também é segura. "Prefiro assim porque não fico exposta. A casa já tem clientela, então tenho garantia de trabalho sempre."

* Nomes fictícios

Site permite escolha prévia do perfil

Os sites de garotas de programa oferecem facilidades que se destacam de outras formas de propaganda e traz vantagens tanto para quem acessa como para as mulheres que oferecem o serviço. Para o cliente, a possibilidade de escolher a mulher que mais lhe agrada por meio de fotos e do perfil da garota já adianta a negociação. Do outro lado, a anunciante também se beneficia em estabelecer o que aceita no momento da transa.
Do próprio computador, o interessado em contratar um serviço da prostituta já tem as informações que geralmente fariam parte de uma conversa. Da página principal, as informações são filtradas até que se chegue no tipo ideal para o programa. É possível escolher entre loiras, morenas, ruivas e mulatas. Depois dessa pré-classificação outras opções como preço, local de atendimento, fantasias e características da mulher são apresentados.


Explorar não pode, mas só isso

No Brasil, a lei não impede que uma pessoa faça sexo em troca de dinheiro  nem que ela faça publicidade dessa atividade. Jornais e revistas, por exemplo, anunciam os serviços oferecidos por acompanhantes de todos os sexos de maneira legal.

Para um site que divulga prostituição ser 100% dentro da legislação, ele precisaria apenas levar essa ideia para o ambiente virtual, fazendo cobranças somente sobre o espaço de divulgação a ser cedido, não sobre a atividade sexual de quem anuncia.

Segundo a delegada Ana Cristina Melo, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), as jovens que faziam programa pelo esquema de Jeany Mary Corner (rede de prostituição de luxo chefiada por J.M. Corner no final do ano passado) “sabiam mais ou menos” sobre as condições de trabalho. “Havia um encantamento em relação às funções”, disse, ao apresentar os acusados na delegacia. A principal preocupação da delegada era o envolvimento de menores de idade.

Os maiores usuários do serviço da rede de prostituição ilegal eram políticos, empresários e servidores públicos, segundo apontaram as investigações, e, pesquisando os valores, não é difícil de imaginar essa realidade.
Fonte: O Tempo 

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