segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Goiana tem o biotipo que mercado do sexo busca


A CPI do Tráfico de Pessoas realizou na passada quarta-feira (7) na Assembleia Legislativa uma audiência pública para debater estratégias de combate ao tráfico humano. A reunião serviu para mostrar que Goiás está no centro deste problema que assola o Brasil.   O levantamento apresentado pela secretária-adjunta da pasta, Teresa Cristina Nascimento Souza, foi realizado entre 2008 e 2010. Tereza fez uma afirmação curiosa durante o debate: “Infelizmente a mulher goiana tem o biotipo requerido pelo mercado.”

Os municípios goianos de Uruaçu, Trindade, Silvânia, Rianápolis, Paraúna e Nerópolis são os que mais abastecem os esquemas criminosos – de acordo com pesquisa da Secretaria Municipal Especial de Políticas para as Mulheres de Goiânia.
A delegada-geral da Polícia Civil de Goiás, Adriana Accorsi, disse que as crianças abandonadas pelos pais que se prostituem fora do País são mais vulneráveis à exploração sexual. De acordo com a delegada, a subnotificação é também outro fator que acontece nestes casos. “Nós da Polícia Civil temos contato direto com o dia a dia, assim, podemos dizer que a subnotificação ocorre por vergonha das vítimas, medo das represálias e até mesmo porque muitas famílias concordam e favorecem a ida de homens e mulheres para se prostituirem em busca de uma vida melhor.”
 
Em sua 26ª audiência pelo País, a CPI tem como objetivo conscientizar, debater e propor formas de combate, até mesmo sugerir novas Leis para a interrupção deste crime, que atinge cerca de quatro milhões de pessoas em todo planeta, principalmente voltada para o mercado de prostituição e pedofilia, com ramificações ainda para o tráfico de órgãos e de pessoas para o trabalho escravo.
 
O presidente da CPI, Arnaldo Jordy ressaltou os desafios da Comissão. “O primeiro é a mudança radical na legislação brasileira, o segundo é emparelhar o Estado melhor para que tenha mais consciência do processo; e em terceiro, divulgar mais para a sociedade para que tenha consciência do problema que movimenta o hoje mais de 35 bilhões de dólares por ano no mundo”, explicou o deputado.
 
Segundo ele, a ausência de um cadastro e uma sistematização do número de vítimas do tráfico prejudica o trabalho da Comissão. “Essa é uma fragilidade do nosso sistema para centralizar ou registrar todos esses casos no Brasil”, ressaltou.
 
O deputado estadual goiano Mauro Rubem disse ser importante a presença da CPI federal no Estado. Segundo o parlamentar, Goiás é um dos Estados que ainda promove várias violações aos Direitos Humanos. “Temos no Estado vários casos de homofobia, machismo, que traduz em violência contra as mulheres, e entre eles o tráfico de pessoas que tem vitimado várias mulheres em Goiás”.
 
O deputado federal João Campos destacou a importância da imprensa para o trabalho da Comissão, ao ajudar a criar a consciência das pessoas sobre o assunto. “As medidas de hoje vão contribuir substancialmente para um diagnóstico no Estado de Goiás para que, em seguida, indique os caminhos e as medidas a serem adotadas pela CPI”.
 
A deputada estadual Flávia Morais ressaltou que a audiência vai colaborar para sugerir ações para políticas públicas mais efetivas, além de contribuir para a Comissão. A deputada destacou também a grande participação de representantes de entidades e órgãos do Estado e da sociedade civil organizada na audiência. “Isso traduz a vontade de todos, governo e sociedade, em combater esta grande rede criminosa.”
 
Após participação dos componentes da mesa, foi aberta a palavra aos presentes para que pudessem expressar suas opiniões, sugestões e relatos acerca do tema. Na oportunidade foram levantadas inúmeras questões relativas ao tema tais como funcionamento, estatísticas e casos reais.
 
Compuseram a mesa do evento, o presidente da Comissão de Diretos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Casa, deputado Mauro Rubem (PT); o presidente da CPI da Câmara Federal, deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA), a relatora da CPI, deputada federal Flávia Morais (PDT); e o membro da Comissão, deputado federal João Campos (PSDB).
 
"Temos um trabalho que envolve uma situação difícil que engloba inúmeros métodos e denúncias de toda ordem, e ainda com uma rede de interesses econômicos envolvidos. Lamentavelmente nem o Estado nem a sociedade está aparelhada para enfrentar esta situação. Portanto o objetivo desta CPI é justamente colaborar para diminuir estas dificuldades", finalizou o presidente da CPI, Arnaldo Jordy.

Fonte: www.brasil247.com

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