quinta-feira, 17 de maio de 2012

Tráfico de mulheres para exploração sexual e violência feminicida são geradas na própria família


"O Tráfico de mulheres para fins de exploração sexual é todo um sistema estrutural que acontece no seio da própria família, reproduz-se na educação e está nas instituições de saúde e de justiça”, explicou Alicia Mesa Bribiesca, do Centro Antonio Montesinos (CAM), na conferência magistral "Casos de tráfico e exploração sexual comercial de crianças e adolescentes”, ministrada como parte das atividades da XI Semana Cultural da Diversidade Sexual, que acontece nessa cidade. Indicou também que a estrutura da trata de pessoas está relacionada à estrutura do sistema de produção capitalista, "que nos faz quere mais” e com a estrutura do patriarcado, ao alentar a desigualdade de homens e mulheres.

 Denunciou que o sistema proxeneta conta com três atores fundamentais: "a reprodução dos cafetões”, iniciada no Estado de Tlaxcala, onde algumas famílias começaram a seduzir mulheres para explorá-las sexualmente, "a reprodução de consumidores ou clientes” e "a reprodução das crianças, adolescentes, mulheres, travestis e transgêneros seduzidos”
Na dissertação, Mesa Bribiesca assinalou que os proxenetas aproveitam os usos e costumes das comunidades indígenas, "já que, às vezes, as famílias trocam suas filhas por camionetas”.
 A especialista disse que a reprodução dos proxenetas começa na infância, quando os meninos começam a querer "velhas, casas e carros”; posteriormente, passam à "busca e detecção” de mulheres vulneráveis e o passo seguinte consiste em "seduzir através de namoro”, seduzindo as mulheres até chegar à união livre ou ao matrimônio e daí as manipulam para trabalhar em prostíbulos, ou utilizam também a "sedução por sequestro ou endividamento”, dando-lhes dinheiro por um tempo e depois, quando já o gastaram ou não o podem devolver, fazem exigências que, ao não ser atendidas, são o motivo para vendê-las sexualmente.
"A trata está relacionada com a violência feminicida e os feminicídios e é algo que as autoridades devem ver como um alerta de gênero”, assinalou a investigadora. Mencionou a existência de um novo tipo de "cafetão” pertencente a grupos armados ligados ao crime organizado, que sequestram as mulheres, ameaçando matar suas famílias. "Elas são intercambiadas entre eles e as violentam até matá-las”.
Sobre a reprodução de consumidores ou clientes, a integrante do CAM assinalou que "pensam que podem dispor dos corpos femininos, de travestis, trans, de crianças e adolescentes para satisfazer seus desejos, que vão desde prazer sexual até violência feminicida e homofóbica”, e são propensos a converter-se em proxenetas ou "cafetões”, a cometer atos de violação ou assassinato e, em geral, estão em conluio com as autoridades.
 No caso da reprodução das vítimas, indicou que os proxenetas se aproveitam de mulheres de regiões indígenas, meninas que vivem nas ruas, pessoas com histórias de violência sexual, feminicida ou homofóbica, em suas próprias casas, empregadas domésticas com "sonhos de encontrar o ‘príncipe encantado” e garçonetes.
 Por outro lado, expôs que de 2009 a 2010 foram registrados 890 feminicídios em 11 Estados da república mexicana e em somente 40 casos foi ditada a sentença, além de que quando uma pessoa desparece, as autoridades manejam a situação como "extravio”. Agregou que, na faixa de 0 a 17 anos de idade, existem 56 homens e 1.131 mulheres extraviadas no Distrito Federal, daí a importância da detecção e da prevenção da trata.
Finalmente, a diretora do CAM urgiu propostas sólidas para exigir às autoridades seu trabalho, já que apesar de que existem leis como a Lei Geral para uma Vida Livre de Violência, "falta ainda muito trabalho pra que esta seja homologada nos Estados”.
Fonte: adital

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