quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Mulheres portadoras de HIV recorrem mais à espiritualidade




Publicado na Revista da Escola de Enfermagem da USP em março, o artigo “Qualidade de vida de mulheres vivendo com o HIV/aids de um município do interior paulista” aplicou um questionário, abordando a qualidade dos domínios físico e psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente  e espiritualidade, a 106 mulheres soropositivas. Para a autora Joice Gaspar, enfermeira graduada pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, e colegas, tal avaliação é necessária uma vez que o indivíduo soropositivo é “tratado de forma excludente e estigmatizante, sofrendo ruptura nas relações afetivas, problemas com a sexualidade e falta de recursos sociais e financeiros”, o que compromete sua qualidade de vida (QV).

 Entre os domínios investigados, a espiritualidade foi avaliada de forma mais positiva, sendo que esta pode se manifestar de várias maneiras: “a religiosidade pode ser tanto benéfica quanto maléfica para o tratamento, uma vez que pode proporcionar suporte emocional ou estimular a interrupção do tratamento médico, devido à crença da cura pela fé”, explicam os autores no texto.
 Já os domínios de relações sociais e meio ambiente não foram tão bem avaliados. Isto porque, explica a publicação, “as mulheres (soropositivas) sofrem hostilidade e rejeição no ambiente de trabalho e mesmo das pessoas mais próximas, como integrantes da família e outras importantes pessoas das suas relações sociais”.
 Para os autores, a vivência da Aids hoje em dia é bem diferente daquela de décadas atrás – e o tratamento com antirretrovirais aparece com destaque para esta mudança, ao proporcionar maior sobrevivida e saúde para pessoas infectadas. Porém acreditam que os acometidos pela doença ainda “convivem e enfrentam inúmeras consequências advindas da soropositividade, relacionadas ao estigma e preconceito, com impacto nas suas relações sociais, familiares, afetivas e sexuais”.
Assim, é preciso que se tenha conhecimento de seus níveis de qualidade de vida para elaborar projetos de atendimento. No caso das mulheres, dizem os pesquisadores, esta necessidade é ainda mais aguda, “em decorrência da alta taxa de incidência encontrada nos últimos anos e das desigualdades sofridas em relação aos contextos socioeconômicos, culturais e de gênero, que potencializa vários aspectos que podem influenciar na QV”.

Para ver o artigo na íntegra, acesse    http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n1/32.pdf

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