O Tráfico de Seres Humanos, cujas vítimas em potencial são as mulheres, as crianças e adolescentes, constituem uma das formas mais explicitas da escravidão do século XXI. Refletem profundas contradições históricas, relações humanas e sociais da humanidade. Vulnera e viola a dignidade e a liberdade de numerosas mulheres e crianças, mercantilizando e ferindo seus corpos, matando seus sonhos e direito de viver. Configura hoje uma das piores afrontas à dignidade humana e um das mais cruéis violações dos direitos humanos.
Do ponto de vista econômico trata-se de uma rede extremamente lucrativa que ocupa o terceiro no lugar na economia mercadológica do crime organizado. Estima-se que 700 mil mulheres e crianças que as redes de tráfico passam todos os anos pelas fronteiras internacionais do tráfico humano. Isso sem contabilizar o tráfico interno, que no nosso País é alarmante.
Segundo o Ministério da Justiça, o desconhecimento da população sobre esta modalidade de tráfico e a pouca divulgação pela grande imprensa colaboram para que crimes desta natureza passem despercebidos pela sociedade. O que facilita a atuação dos aliciadores e tornam as vítimas presas fáceis de falsas promessas de emprego digno e uma vida melhor no estrangeiro ou em alguma outra região do país tida como mais promissora.
Sensibilizar e socializar informações sobre o Tráfico de Seres Humanos; capacitar multiplicadores, multiplicadoras para ações educativas de prevenção e assistência e intensificar a luta por políticas públicas de enfrentamento desta realidade. É a tarefa que tem sido assumida pela Rede um Grito pela Vida desde marco de 2007. A Rede Um Grito pela Vida é Intercongregacional, constituída por religiosas de diversas Regionais e Congregações. Um espaço de articulação e ação solidária da Vida Religiosa Consagrada do Brasil. É parte constitutiva da CRB Nacional. Aberta e atua de forma descentralizada e articulada com as organizações e iniciativas afins nas diversas localidades, Estados e municípios. Integra a Rede Talitakun, a Rede Internacional da VR no enfrentamento ao Tráfico Humano.
O dia 23 de setembro é o dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças. Esta data foi escolhida na Conferência Mundial de Coligação contra o Tráfico de Mulheres em 1999 em Dhaka, Bangladesh, e lembra a promulgação da primeira lei que permitiu punir os casos de prostituição e corrupção de menores de idade. Em diversas localidades estão sendo realizadas atividades de sensibilização mobilização em torno desta data colocando em pauta esta causa, sobretudo em vista da elaboração do II plano nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas que está em andamento no Ministério da Justiça e da CPI contra o tráfico de Pessoas em curso no senado. Informe-se, participe! Realize no seu espaço ações que marquem este dia de luta. Gestos simples desencadeiam ações de libertação: Colocar a questão em pauta em todos os espaços possíveis: igrejas, escolas, hospitais, inserções, obras e projetos sociais, em vista da formação da consciência e ações de intervenção na realidade. Articular forças – atuar em redes e parcerias com a sociedade civil e o poder público. Somar na luta por políticas públicas para a juventude e mulheres. Rezar e aprofundar esta realidade, à luz da Palavra de Deus.
Ir. Eurides Alves de Oliveira, ICM
As vítimas deste delito vivem em situações inumanas e degradantes. São violados os princípios e direitos fundamentais da pessoa humana como o direito à vida, à integridade física, à dignidade e o desenvolvimento pessoal, à liberdade de ir e vir e o direito a não ser submetida/o à escravidão, servidão, aos maus tratos. (cf. João Paulo II. 2002)
A pobreza, o desemprego, bem como a ausência de educação e de acesso aos recursos constitui as causas subjacentes ao Tráfico de Seres Humanos. As mulheres são particularmente vulneráveis ao tráfico de seres humanos devido à feminização da pobreza, à cultura de discriminação e desigualdade entre homens e mulheres, à falta de possibilidades de educação e de emprego, a cultura hedonista que transforma o corpo da mulher em objeto de desejo e cobiça. O clamor das mulheres, adolescentes e crianças traficadas, se impõem hoje como um Imperativo Carismático- profético para a Vida Religiosa Consagrada. A crueldade deste crime exige uma decidida e inegociável ação solidária e profética. A presença, a dor e o grito das vítimas é sacramento da presença de Deus clamando por vida, dignidade e libertação.
Somos convictas de que o tráfico de mulheres e crianças com toda sua complexidade se apresentam como um campo de atuação missionária, um “desafio-clamor, que nos toca profundamente e convoca a todas e todos a estar de maneira estratégica do lado das pessoas indefesas, com uma práxis articulada de prevenção, assistência e proteção às vítimas. Trabalhar neste campo não é só uma opção, mas uma necessidade que o Evangelho nos impõe como condição de fidelidade ao Projeto do Reino. Some conosco, abrace você também esta causa, some conosco, faça parte Rede um Grito pela Vida
Rede Um grito pela Vida
Um comentário:
Excelente. Uma questão se impõe: por que a imprensa é tão silente e omissa to que toca a divulgação desse tipo de crueldade?
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