terça-feira, 19 de julho de 2011

Empresa americana fazia turismo sexual na Amazônia



Como ainda podemos aguentar isso?  E ainda o  Governo afirma querer acabar com exploração sexual infantil até 2014! Todos nós, desde a família, a sociedade e o Estado temos uma responsabilidade.  É inadmissível a falta de ações neste sentido.


Empresa americana investigada por turismo sexual na Amazônia


O sentimento é de medo, vergonha e discriminação. É o que relatam quatro jovens índias da etnia mura, que dizem ter sido vítimas de abuso sexual praticado por turistas norte-americanos em excursões de pesca esportiva em rios da Amazônia.
Segundo elas, os estupros aconteceram há, no mínimo, seis anos. As vítimas afirmam que nunca conseguiram esquecer.

Os turistas eram brancos, tinham mais de 40 anos, bebiam e tiravam fotos pornográficas. Envergonhadas e com medo de serem discriminadas, as quatro deixaram a aldeia, na zona rural de Autazes, cidade ribeirinha a 118 km de Manaus. No local, o tema abuso sexual é tabu.
O caso veio à tona após a publicação de uma reportagem do jornal "The New York Times", no último dia 9. Segundo o jornal, a empresa de turismo norte-americana Wet-A-Line Tours é investigada pela Justiça do Estado da Geórgia (EUA) sob suspeita de explorar o turismo sexual no Brasil.
As jovens aceitaram falar sob a condição de manterem o anonimato. "Minha família não sabe que aconteceu isso comigo. Por isso saí da aldeia e vim morar aqui na cidade. Eles não sabem de uma coisa dessa, não permitem", disse E. Na época, ela tinha 16 anos. Hoje, está com 22.
Elas vivem em extrema pobreza, em palafitas na periferia da cidade. Sobrevivem graças a programas sociais. "As pessoas da cidade nos olham incomodadas com a situação. Até para conseguir trabalho é difícil. Não saio de casa por isso", disse U., hoje com 28 anos.
O principal investigado nos EUA é o norte-americano Richard Schair, dono da agência Wet-A-Line Tours. No Brasil, ele e mais cinco brasileiros são processados na Justiça Federal no Amazonas sob a acusação de dez crimes, entre eles, estupro, favorecimento a prostituição infantil e formação de quadrilha. Em depoimento à polícia, eles negaram.
Segundo a Polícia Federal, mais de 15 meninas de aldeias de Autazes foram aliciadas com a promessa de trabalho e salário em dólar. A maioria delas tinha menos de 18 anos na época. Segundo relatos das vítimas, os abusos ocorreram entre 2000 e 2009.
Hoje com 19 anos, a jovem I. conta que tinha 15 anos quando foi chamada para ser ajudante de cozinha em um dos barcos da Santana Turismo Ecológico, do brasileiro José Lauro Rocha da Silva, parceiro de Schair. "Estava na cozinha quando eles me chamaram para o quarto. Fiquei nervosa, com medo. Voltei quatro vezes para o quarto, cada vez com um homem diferente. Era contra a minha vontade. Meu sentimento foi de nojo."
Uma das jovens afirmou que foi procurada em junho por um homem que disse trabalhar nos barcos de Lauro e Richard. Ele teria oferecido dinheiro caso elas retirassem o depoimento.


Procura era por menores de 16 anos, diz processo
Meninas menores de idade, preferencialmente abaixo dos 16  anos, era um pedido especial do americano Richard Schair e de seus clientes na agência Wet-A-Line, afirma o processo que corre contra ele nos EUA por suspeita de explorar o turismo sexual no Brasil.
Schair é acusado, entre outras coisas, de estuprar uma menina brasileira de 12 anos e de forçá-la a fazer sexo com seus clientes. Em curta conversa com o "New York Times", Schair disse ser inocente.  Dois brasileiros  -Adilson Garcia da Silva e seu irmão Admilson,  ambos funcionários de Schair- são citados, mas apenas o americano e sua empresa de turismo, fechada em 2009, são réus.
"Adilson recrutava meninas jovens a pedido e sob orientação de Schair, de seus funcionários mais graduados e de seus clientes, que frequentemente pediam meninas jovens, abaixo da idade de consentimento", diz o texto. Na maior parte dos EUA, essa idade é 16 anos.
Um dos episódios descritos no processo é o estupro de uma menina de 12 anos, anonimamente chamada de "C".  "A bordo do barco, um funcionário do réu levou "C" e outras meninas para a cabine onde o réu dormia. Ele acordou e começou a bolinar "C". Quando ela rejeitou suas avançadas, o réu a forçou a fazer sexo com ele."
O escritório de advocacia King & Spalding assumiu o caso sem custos, por meio do grupo de proteção dos direitos da mulher Equality Now. Foi pedida uma indenização e o julgamento com júri.

Fonte: Folha de São Paulo

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