quinta-feira, 28 de maio de 2015

Trabalho escravo em MG : Haitianos são as principais vítimas

Dos 507 trabalhadores atendidos por programa contra tráfico de pessoas, 120 são do Haiti.

Quase um terço dos casos de trabalho escravo acompanhados pelo Programa de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PETP) em Minas são de estrangeiros, a maioria deles haitiana. O balanço foi divulgado nesta quarta, em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), e revela que o Estado já começa a receber um número maior de imigrantes vulneráveis a cumprirem jornada de trabalho exaustiva e em condições degradantes.


Debate. Balanço foi divulgado ontem em audiência sobre tráfico de pessoas realizada na ALMG

Desde 2012, quando o programa começou a funcionar, foram atendidos 507 casos envolvendo o tráfico de pessoas, 480 deles relacionadas ao trabalho escravo. Desse total, 120 são de haitianos que foram resgatados após serem explorados, principalmente no setor da construção civil. Outros dez casos são de bolivianos encontrados na mesma situação.

“Até então a gente via esta pauta sendo levantada pelo governo do Estado de São Paulo. Agora percebemos que está acontecendo também aqui em Minas, especialmente com haitianos e bolivianos. O grande desafio está em conseguir uma rede ampliada de serviços para dar suporte aos imigrantes”, analisou a coordenadora do PETP, Flávia Gotelip. Ela destacou que Minas ainda não tem política específica voltada para a questão de imigração. “Não temos uma casa do imigrante, e os demais abrigos são limitados”.

Subsecretário de Estado de Direitos Humanos, Leonardo Nader informou que será realizado diagnóstico específico para definir políticas para imigrantes. “O imigrante é sempre vulnerável. Eles correm o risco de serem ludibriados e explorados”, afirmou.

Legalização. Quando chegam ao Brasil, os haitianos são regularizados e recebem a carteira de trabalho, o que garante a eles proteção maior, mas não impede que eles sejam explorados, explicou Duval Magalhães, professor de Demografia da PUC Minas.

“Como estão aqui muitas vezes com o objetivo de juntar dinheiro, eles estão dispostos a se submeter a jornadas excessivas de trabalho”. O principal destino dos haitianos é o Sul do Brasil, onde eles estão sendo contratados para trabalhar regularmente em frigoríficos, segundo Magalhães.

imigrantes estavam entre os atendidos pela iniciativa por sofrerem exploração

Mineração

Resgate. O maior resgate de haitianos em trabalho escravo ocorreu em 2013, quando 80 imigrantes foram encontrados em Conceição do Mato Dentro, na região Central, cumprindo jornadas excessivas em obras de uma mineradora.


Fonte: O Tempo

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