sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Mulheres estão cansadas de se preocupar com padrões

É fácil constatar que muitas brasileiras estão exaustas, insatisfeitas e até mesmo deprimidas. Elas estão cansadas de se preocupar com a aparência, de fazer loucuras para emagrecer, de buscar desesperadamente o amor, o reconhecimento e a aprovação dos outros.

Por Mirian Goldenberg

Uma médica de 37 anos disse: “Cuido da casa, dos filhos, do marido, das amigas, dos pacientes, dos meus pais. Não tenho tempo nem para respirar. Quando estou quase explodindo desligo o celular e me tranco no banheiro. Sinto que meu tempo não me pertence, vivo para cuidar de todo mundo e não sobra tempo para cuidar de mim”.

Ela afirma que está sempre respondendo às demandas dos outros que, na maior parte das vezes, nem elogiam o que ela faz.

“Sinto que faço um trabalho invisível, que ninguém reconhece o meu esforço. Muitas vezes me questiono: O que eu quero para a minha vida? Será que quero ir a reuniões familiares e festas chatas, comprar vestidos que só vou usar uma vez e me equilibrar em saltos altos? Sempre me sinto muito mal, um peixe fora d’água, sorrindo para pessoas que odeio, participando de conversas insuportáveis. Perco um tempo precioso da minha vida só porque não consigo dizer não”.


Uma professora de 43 anos disse que, em 2015, quer priorizar a própria vontade e ter mais tempo para fazer as coisas que realmente gosta.

“Quero tanto agradar a todo mundo que não consigo agradar a mim mesma. Por que não tenho coragem de dizer não? Por que é tão difícil aprender a reconhecer, respeitar e me conectar com a minha vontade? Será que vou ter de ficar velha para ser mais livre? Ou vou ter a coragem de ser eu mesma agora?”

Ela revela um sentimento presente em muitas mulheres:

“Cansei de ser sexy. Não quero mais ter de provar que sou bonita, jovem, magra, boa amante, boa esposa, boa mãe, boa filha, boa professora. Quero ser livre para ser quem eu sou de verdade e não continuar sendo alguém que precisa tanto da aprovação dos outros. Tenho muito medo de acabar ficando sozinha, que me achem egoísta, mas em 2015 quero viver a minha vida sem me preocupar tanto com a opinião dos outros e sem a obrigação de agradar a todo mundo.”

Desejo que em 2015 vocês tenham a coragem de dizer não e consigam ser muito mais livres e felizes.

Fonte: Folha de S.Paulo


Mirian Goldenberg é antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autora de ‘Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade’ (Ed. Record).

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