Da sua casa na Baixada
Fluminense, a aposentada Valdicéia França não consegue falar com a filha,
Mirian França de Mello, desde que ela foi presa na última segunda (29), em
Fortaleza, suspeita de envolvimento no assassinato da italiana Gaia Molinarino
litoral cearense.
“Tentei falar com ela por telefone, mas dizem
que não podem passar a ligação ou recados. Os policiais viram uma neguinha,
pobre, turista e ficou fácil colocar a culpa nela”, disse Valdicéia ao jornal
Folha de São Paulo, na edição deste sábado (3).
Ela é acusada da morte, por
estrangulamento, da italiana, encontrada morta no dia 25, na praia de
Jericoacoara. Mirian, que viajava com Gaia, cumpre prisão preventiva por 30
dias, por contradições em seus depoimentos, segundo a polícia.
“Se fosse minha filha morta, será
que a italiana estaria presa? É racismo. A delegada disse que vai manter minha
filha presa até que ela colabore. O que significa isso? Querem forçar ela a
confessar um crime que sei que nunca faria”, afirma a mãe de Mirian.
Estudante de doutorado no
Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
Mirian divide apartamento com uma colega do curso, Raquel Albuquerque.
De acordo com a amiga, enquanto
prestava depoimento, Mirian chegou a conversar com ela por mensagem de celular.
“Ela me disse que na véspera do Natal estava esperando a Gaia voltar para
Jericoacoara para irem até Canoa Quebrada, mas Gaia não apareceu, nem para
jantar”, afirmou.
“A prenderam por causa da cor da
pele. A única coisa que pesa contra ela é o fato de ser negra. É uma
discriminação”, diz Raquel.
A professora Maria Bélio,
orientadora de Mirian na UFRJ, disse que a universidade está em contato com
defensores públicos em Fortaleza, que devem assumir o caso. “É uma aluna
aplicada, estudiosa. Sabemos que pela índole da Mirian, jamais cometeria um
assassinato.”
Fonte: Portal Vermelho
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