terça-feira, 29 de abril de 2014

Policiais Civis desmontam rede de prostituição de travestis e exploração sexual

A modalidade se assemelha ao tráfico internacional de mulheres, que costuma levar goianas para a prostituição no exterior, principalmente na Espanha.


Duas pessoas foram presas por suspeita de exploração sexual de adolescentes e trabalho análogo à escravidão, em Aparecida de Goiânia. Segundo a Polícia Civil, a travesti Michel Alves Gomes, conhecida como Michele, com a ajuda da mãe, Maria Abadia Gomes, aliciava travestis para a prostituição, mas acabava inserindo as vítimas em uma realidade de trabalho forçado para o pagamento de dívidas.

A modalidade se assemelha ao tráfico internacional de mulheres, que costuma levar goianas para a prostituição no exterior, principalmente na Espanha.

Segundo o titular do 8º Distrito Policial (DP) de Goiânia, Waldir Soares, responsável pelo caso, as vítimas eram aliciadas em capitais do Nordeste do País e em cidades do interior de Goiás. Vinham para a região metropolitana de Goiânia, com promessa de ganhos altos. Quando chegaram aqui, precisavam colocar silicone e fazer apliques no cabelos para entrar na prostituição. Assim, contraíam dívidas que variavam de R$ 2 mil a R$ 10 mil.

Em operação realizada durante o feriado, a Polícia Civil encontrou oito pessoas, entre elas cinco adolescente com idade entre 16 e 17 anos, vivendo na casa de Michelle, no Setor Santa Luzia, onde tinham de pagar cerca de R$ 1,2 mil de aluguel.

A investigação começou após uma das vítimas pedir ajuda ao delegado por meio da página dele no Facebook. “Mantenho uma linha de contato aberto com os meus seguidores. Recebo uma gama de denúncias de várias naturezas e essa pessoa me procurou”, relatou.

Durante um mês, um investigador se passou por cliente e mapeou os principais grupos de exploração de travestis na região dos motéis, em Aparecida de Goiânia. Vídeos gravaso pela polícia comprovam a situação relatada pela denunciante.

De acordo com o delegado, as travestis que tinham dívidas altas, contraídas com cirurgias plásticas e manutenção de cabelos e unhas, eram obrigadas a pagar as despesas com serviços e sofriam restrições. “Elas não podiam sair da cidade ou sequer para outros bairros. Também eram obrigadas a pagar a despesa com trabalho”, relatou.

Soares diz que Maria Abadia era responsável pela contabilidade e Michelle cuidava da manutenção do esquema, até com a intimidação das vítimas. Com elas os agentes apreenderam R$ 1,9 mil em dinheiro e várias agendas com o registro da movimentação financeira da dupla. “É uma violência silenciosa, que o cidadão não se depara com ela no dia a dia, mas está acontecendo na capital”, alerta Waldir Soares.

Mãe e filha foram atuadas em flagrante e conduzidas, na tarde de ontem, à carceragem do 14º DP. As adolescentes foram entregues ao Conselho Tutelar de Aparecida e as maiores, após prestar depoimento, aconselhadas a voltar para as cidades de origem, por questão de segurança.


Fonte: O Popular

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