domingo, 13 de abril de 2014

Domingo de Ramos: Nada o pode deter

Continuará a procurar o reino de Deus e a Sua justiça, identificando-se com os mais pobres e desprezados. Se um dia o executam no suplicio da cruz, reservado para escravos, morrerá como o mais pobre e desprezado, mas com a Sua morte selará para sempre a sua fé num Deus que quer a salvação do ser humano de tudo o que o escraviza.

Por José Antonio Pagola

Mt 21, 1-11

A execução de João Batista não foi algo casual. Segundo uma ideia muito difundida pelo povo judeu, o destino que espera o profeta é a incompreensão, a rejeição e, em muitos casos, a morte. Provavelmente, Jesus contou desde muito cedo com a possibilidade de um final violento.

Jesus não foi um suicida nem procurava o martírio. Nunca quis o sofrimento nem para Ele nem para ninguém. Dedicou a Sua vida a combate-lo na doença, nas injustiças, na marginalização ou no desespero. Viveu entregue a "procurar o reino de Deus e a sua justiça": esse mundo mais digno e ditoso para todos, que procura o Seu Pai.
Se aceita a perseguição e o martírio é por fidelidade a esse projeto de Deus que não quer ver sofrer os Seus filhos e filhas. Por isso, não corre para a morte, mas tampouco recua. Não foge ante as ameaças, tampouco modifica nem suaviza a Sua mensagem.
Teria sido fácil evitar a execução. Teria bastado com calar-se e não insistir no que podia irritar no templo ou no palácio do prefeito romano. Não o fez. Segui o Seu caminho. Preferiu ser executado antes de atraiçoar a Sua consciência e ser infiel ao projeto de Deus, Seu Pai.
Aprendeu a viver num clima de insegurança conflitos e acusações. Dia a dia foi-se reafirmando na Sua missão e continuou anunciando com claridade a Sua mensagem. Atreve-se a difundi-la não só nas aldeias retiradas da Galileia, mas também no enquadramento perigoso do templo. Nada o deteve.
Morrerá fiel ao Deus em que confiou sempre. Seguirá acolhendo a todos, inclusive a pecadores e indesejáveis. Se acabam por rejeitá-Lo, morrerá como um "excluído" mas com a Sua morte confirmará o que foi toda a Sua vida: confiança total num Deus que não rejeita nem exclui ninguém do Seu perdão.
Continuará a procurar o reino de Deus e a Sua justiça, identificando-se com os mais pobres e desprezados. Se um dia o executam no suplicio da cruz, reservado para escravos, morrerá como o mais pobre e desprezado, mas com a Sua morte selará para sempre a sua fé num Deus que quer a salvação do ser humano de tudo o que o escraviza.
Os seguidores de Jesus, descobrimos o Mistério último da realidade, encarnado no Seu amor e entrega extrema ao ser humano. No amor desse crucificado está Deus mesmo identificado com todos os que sofrem, gritando contra todas as injustiças e perdoando os verdugos de todos os tempos. Neste Deus pode-se acreditar ou não acreditar, mas não é possível escarnecer Dele. Nele confiamos os cristãos. Nada o deterá no Seu empenho de salvar os Seus filhos.

Tradução: Antonio Manuel Álvarez Pérez

Fonte: Fe Adulta

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