terça-feira, 22 de abril de 2014

Amapá, rota de tráfico humano

O Amapá, no extremo norte do Brasil, é uma das principais rotas internacionais do tráfico de seres humanos. A afirmação foi feita durante o Congresso Nacional de Jornalismo sobre o Tráfico de Pessoas, realizado durante o fim de semana em São Paulo. O superintendente do Diário do Amapá, jornalista Luiz Melo, foi escolhido para participar do evento como debatedor do tema de alta relevância.


“Tive a sorte de haver sido o escolhido do Amapá para também contribuir com ideias, usando os meios de comunicação de que dispomos, no enfrentamento de uma grave violação dos direitos humanos, que nas últimas décadas tem aumentado assustadoramente no Brasil. É bem verdade que a cobertura dos meios de comunicação brasileiros cresceu nesse período, o que ampliou o conhecimento sobre o assunto, sensibilizando cada vez mais pessoas para os riscos e danos que aquilo representa pra sociedade, a pobreza como o seu lado mais vulnerável”, destaca o jornalista.

Há estudos que mostram que o Amapá é rota de origem e de passagem do tráfico de pessoas, por ser uma área de extensa fronteira. As cidades com os maiores índices são Macapá e Oiapoque.

As vítimas geralmente recebem propostas para ganhar dinheiro fácil em outras cidades do Brasil ou do exterior, mas quando chegam ao destino acabam sendo exploradas dia e noite, e têm seus documentos retidos. A falta de oportunidades, a pobreza e a busca por uma vida melhor são os principais fatores para que as vítimas caiam na rede de tráfico de pessoas.

“Há de se admitir também, por mais que se note uma melhora na qualidade das informações, que ainda é necessário aprimorar na mídia o debate sobre o tráfico de humanos. Já é o terceiro crime mais praticado pelas quadrilhas organizadas em todo o mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. Faz cerca de 2,5 milhões de vítimas e movimenta aproximadamente 32 bilhões de dólares por ano, segundo dados do Escritório das Nações Unidas no Brasil”, reforça Luiz Melo.

Para a coordenadora em exercício do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP) do Amapá, Talita Pontes, a inauguração da ponte binacional será um agravante para o estado.

“De dezembro de 2013 a fevereiro deste ano, o NETP recebeu quatro denúncias de suspeita de tráfico de pessoas na fronteira do estado com a Guiana Francesa e o Suriname. A facilidade em transitar em território estrangeiro e a grande extensão da área de divisa entre os países (em média 700 quilômetros) são os principais obstáculos no enfrentamento ao tráfico de pessoas”, aponta a coordenadora.

O Núcleo, porém, não confirma registro de tráfico de pessoas com fim de remoção de órgãos e tecidos de humanos.

"Também no Amapá, a internet é um dos principais meios de tráfico humano", disse Rileny Mascarenhas, que relatou casos de vítimas de tráfico atendidas pela ONG Instituto de Mulheres do Amapá (IMA).

Fonte: Diário do Amapá

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