quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Prostitutas de BH são as primeiras do país a aceitar cartão de crédito

A partir desta terça-feira (5), as prostitutas de Belo Horizonte irão levar na bolsa, além de preservativos e maquiagem, uma máquina de cartão de crédito. É que elas foram reconhecidas pela Caixa Econômica Federal como profissionais do mercado informal e poderão ser pagas com cartão de crédito, débito e até mesmo de forma parcelada, graças a uma parceria firmada entre a Associação de Prostitutas de Minas Gerais (Aspromig) e a Caixa Econômica Federal.


Com isso, as profissionais do sexo da capital terão benefícios comuns a outras profissões como a cobertura de previdência social, aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, auxílio doença, salários-maternidade, pensão por morte, auxílio reclusão, entre outros. Elas também contarão com talões de cheque, cheque especial, capital de giro, custo zero para a formalização e nenhum imposto para o governo federal.

Para Cida Vieira, presidente da Associação de Prostitutas de Minas Gerais (Aspromig), a parceria servirá também para quebrar o preconceito. "A nossa profissão já é reconhecida, falta a regulamentação, e este é um dos passos para que isto aconteça. O outro passo é a quebra do preconceito. A parceria será positiva também para ajudar no rompimento deste tabu", disse.

"Com os benefícios ficará mais fácil receber dos clientes, além de ajudar, e muito, na questão da segurança. Sempre andamos com dinheiro e isso facilita a ação dos assaltantes", diz.
Por um lado, o uso da máquina vai facilitar a vida de clientes. Isso porque, segundo explicação da presidente da Aspromig, depois das 22h há restrição para o saque de altos valores nos caixas eletrônicos. O limite é de R$ 200. Com isso, muitos clientes deixam de contratar as prostitutas ou são obrigados a negociar em motéis para que o estabelecimento lhe dê uma certa quantia em dinheiro, cobrando o montante no cartão somado a uma taxa de serviço, que, em média, fica em 20%. Ou seja, sem a máquina, parte da clientela paga um quinto a mais sobre o programa. “Não vai ter mais esse tipo de problema. Ela vai passar o cartão primeiro e se tiver saldo vai fazer o programa. Caso não tenha, é só não fazer”, afirma Cida.


Por outro lado, para usar as maquininhas as garotas de programa serão obrigadas a pagar a taxa de serviço da operadora de cartões. Em estabelecimentos comerciais é normal que as empresas incorporem esse percentual ao valor do produto, o que, no caso das prostitutas, poderá significar um incremento no custo para o cliente. A presidente da associação explica que será feita uma campanha para conscientizar as prostitutas sobre a necessidade de manter o sigilo de quem contrata o serviço. De qualquer forma, a negociação será registrada em nome da empresa. Caso contrário, os clientes podem se recusar a usar a máquina de cartão por receio da divulgação da contratação, principalmente no caso dos casados.

"Podendo pagar com cartão, o cliente que quer estender o programa mas está sem dinheiro, vai poder ficar com a menina por mais tempo sem nenhum transtorno. Com isso, o número de programas e o lucro das prostitutas devem aumentar", afirma Cida Vieira.
As prostitutas belo-horizontinas serão as pioneiras no uso do cartão de crédito como forma de pagamento pelo serviço no Brasil, mas a ideia pode chegar a outras regiões em breve. "As meninas aqui recebem a máquina de cartão e podem utilizá-la em outros estados, onde moram, para onde vão", disse Cida.

Ainda de acordo com a presidente da Aspromig, a parceria foi firmada visando os grandes eventos que serão sediados pelo Brasil, como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016. "Estamos pensando nos turistas, muita gente não anda com dinheiro hoje em dia, então o cliente poderá parcelar o valor do programa, caso ele se estenda mais que o previsto, ou pagar no crédito ou débito. Com isso, estamos modernizando a vida da garota de programa e também do cliente", informou. Ela acredita que as novas possibilidades de pagamento irão potencializar o serviço, principalmente com a chegada de turistas no país.


No primeiro dia implantação, 20 prostitutas já procuraram a Associação para solicitar a máquina de cartão. As profissionais interessadas, ou mesmo travestis, transexuais e garotos de programa filiados à Aspromig devem procurar a entidade com a carteira de identidade, o CPF e um comprovante de residência em mãos para ter acesso à mais essa possibilidade de negócios. Após isso, elas são orientadas a abrir uma conta na Caixa e recebem o equipamento em um prazo aproximado de 15 dias.


Mãe de um jovem de 18 anos, aos 43, a prostituta Patrícia Borges não pretende ter um segundo filho, mas avalia que seria bem mais fácil ter criado o garoto caso tivesse tido acesso ao salário-maternidade. Se desse benefício ela não vai desfrutar, Patrícia já vê ganhos com o uso da máquina de cartão. “A maioria dos clientes pergunta se a gente aceita cartão. Acaba que perdemos muitos programas. Ele quer ficar mais tempo, mas não tem dinheiro para pagar”, diz ela.


Fonte: (Juliana Baeta) O Tempo e (Pedro Rocha Franco) Estado de Minas

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