segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Denúncias de abuso e exploração sexual de crianças aumentam mais de 100% em 2012

O Grupo Cultural AfroReggae lançou no último dia 12 de setembro uma pesquisa com base nas denúncias recebidas pelo serviço de Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra crianças e adolescentes, o Disque 100, entre os anos 2011 e 2012, em todos os estados do país, que revela o perfil das vítimas e dos suspeitos, e onde estão concentradas as maiores ocorrências destes crimes.


Os dados revelam que foi no Distrito Federal onde se registrou o maior número de denúncias com 292,53 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. O estado do Rio de Janeiro (RJ) ocupa a 5ª posição neste ranking registrando 135,62 denúncias por 100 mil habitantes e o estado de São Paulo (SP) aparece na última colocação com 5,42 denúncias para cada grupo de 100 mil moradores.

Em geral, os dados indicam um aumento de mais de 100% das denúncias em 2012 nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, em comparação ao ano de 2011. No entanto, o relatório destaca que "esse aumento não pode ser entendido como um número maior de ocorrências, mas sim o aumento de denúncias telefônicas registradas”.

Tanto em São Paulo, como no Rio de Janeiro, a maior parte das vítimas é do sexo feminino em mais de 50% dos casos denunciados. Em seguida estão as vítimas do sexo masculino em 32% das denúncias e os casos não informados são em média 13%.

De acordo com os relatórios do AfroReggae, os principais alvos são adolescentes de 12 a 14 anos em cerca de 25% das denúncias nos dois estados, seguidas por crianças de 8 a 11 anos em 20% dos casos e por adolescentes da faixa etária de 15 a 17 anos, em mais de 15% das denúncias. Chama a atenção o índice de violação sexual cometida contra bebês de 0 a 3 anos: 11,3% em SP e 10,2% no RJ. Os casos de vítimas sem idade informada giram em torno de 9%.

Os principais suspeitos são da faixa etária de 25 a 30 anos de idade, em mais de 12% dos casos nos dois estados, seguidos pelos grupos de 36 a 40 anos, 31 a 35 e 18 a 24 anos de idade, respectivamente e, como é esperado, são do sexo masculino em 50% dos registros em SP e 48,1% no RJ. Em seguida aparecem as mulheres: 36,4% em SP e 37,9% no RJ. As denúncias que não especificam o sexo dos abusadores são mais de 13%.

A casa da vítima ainda é o principal cenário para o criminoso cometer o abuso em cerca de 40% das denúncias, ou na casa do próprio suspeito em mais de 30% das acusações, segundo os dados do Disque 100. Outros locais de risco apontados são casas de outras pessoas, rua, escola e lugares não especificados.

Segundo os registros do Disque 100, os desconhecidos foram indicados como os principais criminosos em cerca de 24% das denúncias nos dois estados. Pessoas próximas como pai, mãe, padrasto, tios e vizinhos aparecem em seguida. No entanto, o AfroReggae alerta que por se tratar de um "assunto delicado” e que traz "constrangimento para as famílias”, muitas vezes os abusos sexuais não são denunciados. E nos casos em que o abusador é uma pessoa próxima à vítima é preciso pensar qual é o limite entre doença e crime, e como proteger a criança e o adolescente da exposição.

Nos anos 2011 e 2012 o Disque 100 recebeu um total de 8.775 denúncias em São Paulo e 8.292 chamadas no Rio de Janeiro. Confira o relatório completo de SP aqui e do RJ aqui.

Ataques ao AfroReggae

Os relatórios detalhando dados das denúncias sobre abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes foram publicados pouco depois de o Grupo Cultural AfroReggae sofrer quatro ataques em suas sedes localizadas no Rio de Janeiro. Em virtude disso e para dar apoio à entidade, integrantes da sociedade civil carioca lançaram a campanha "A pacificação é Nossa, o AfroReggae é Nosso, deixem o Rio em Paz", no último dia 23 de agosto.

Com base em investigações, a polícia acredita que o motivo dos ataques foi a prisão do pastor Marcos Pereira, no dia 7 de maio, acusado pelo coordenador do AfroReggae, José Júnior, de estuprar fiéis. A ordem para os ataques teria sido dada depois de uma conversa, no dia 10 de maio, entre os traficantes Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP. Cerca de 15 dias após o encontro dos traficantes na penitenciária de Catanduvas (Paraná), começaram os atentados no AfroReggae.

Fonte: (Tatiana Félix)  Adital

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