terça-feira, 25 de outubro de 2011

A violência contra mulheres não é piada


Iolanda Toshie Ide
Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulheres de Lins (SP) e Professora aposentada da UNESP e Militante da Marcha Mundial de Mulheres (MMM)

Como se não bastasse que, a cada 12 segundos, uma mulher seja violentada no Brasil, o quadro televisivo "Metrô Zorra total”, todos os sábados, incentiva ainda mais. Pode parecer engraçado a alguns, mas além de ser de muito mau gosto, humilha as mulheres que tomam o transporte público. Além disso, incentiva os homens a essa repugnante prática. Será que achariam engraçado se isso acontecesse com a sua mãe, suas filhas, suas irmãs, suas namoradas?

"A maioria das mulheres não quer publicidade". Já os acusados alegam inocência. "Sempre dizem que encostaram porque estava lotado, declarou o delegado Valdir de Oliveira Rosa.
O desrespeito para com as mulheres não tem graça nenhuma. O referido quadro só revela o mau caráter e mediocridade dos que o produzem e divulgam.
"Quando está como uma sardinha em lata, a pessoa se sente anônima; ninguém vê nada e não tem nem como reagir", avalia Cláudio de Senna Frederico, ex-secretário dos Transportes Metropolitanos.
Quando o governador afirma que gosta de ver o metrô ainda mais lotado, revela que não é capaz de se colocar no lugar das/os cidadãs/os comuns. Ele, que transita em carro oficial, não é capaz de imaginar a dificuldade das pessoas que necessitam do transporte público, todos os dias. Para as mulheres, é ainda pior, por causa do risco que correm.
Alex Fernandes, do conselho fiscal da diretoria do Sindicato os Metroviários de São Paulo, explica: "Nós fizemos uma carta aberta à população, [...] e o foco foi uma denúncia de que o programa Zorra Total estimula a violência contra a mulher no transporte do país. [...]. Nós pedimos que a rede Globo retire este quadro de sua programação”.
 A violência contra mulheres não é piada, afirma o Sindicato das/os Metroviárias/os.
 Assim como, no passado, os católicos dos Estados Unidos fecharam as contas dos bancos que financiavam a guerra, também nós podemos boicotar o referido programa da Globo, deixar de comprar lingerie da marca HOPE, que fez um anúncio que reforça papeis estereotipados para as mulheres. Enfim, podemos e devemos boicotar tudo o que nos desvaloriza, tudo o que visa nos transformar em mercadoria.
Fonte : Adital

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