'Só quem já sentiu na pele a humilhação de ter um sujeito se esfregando contra seu corpo sabe a tristeza que é', diz jovem de 21 anos, que acusa advogado de tê-la atacado sexualmente em trem do metrô de São Paulo.
"A gente que trabalha sabe o empurra-empurra que é pegar o metrô na ida e na volta, e ainda por cima no horário de pico. Aí, eles põem essa brincadeira ridícula. Só quem já sentiu na pele a humilhação de ter um sujeito se esfregando contra o seu corpo sabe a tristeza que é. Tem gente que acha engraçado, mas eu, se eu pudesse, tirava [o quadro] do ar", disse X, em entrevista exclusiva à repórter Laura Capriglione, do jornal Folha de S.Paulo.
No final de 2004, o próprio Metrô de São Paulo realizou pesquisa com usuários para avaliar, entre outros quesitos, as ações da companhia para prevenir o assédio sexual nos trens. Para 21% dos entrevistados, nada era feito -serviço considerado inaceitável-; 45% disseram que a companhia só agia quando a vítima conseguia informar um funcionário -nível considerado inadequado.
Sete anos depois, o Metrô alega não dispor de dados atualizados sobre os níveis de satisfação (ou insatisfação) em relação à prevenção de assédio em suas dependências. Em nota, a empresa afirma que, de janeiro a setembro de 2011, foram registrados na Delpom dez casos de ato obsceno e 43 casos de importunação. "No mesmo período, o Metrô transportou 807 milhões de passageiros."
Subnotificação decorre do constrangimento e desassistência
Para Marisa Mendes, diretora do Sindicato dos Metroviários, o que há é uma "imensa subnotificação, porque as mulheres molestadas se sentem humilhadas e desassistidas demais". Segundo a sindicalista, os ataques decorrem da superlotação dos trens e da falta de investimento em segurança, que poderia intimidar os assediadores.
Marisa responsabiliza também o que chama de "banalização do assédio, propiciada por um tipo de humorismo que faz graça com a dor das mulheres". Refere-se ao quadro do "Zorra Total".
Emissora diz que não alterará quadro
Procurada pela reportagem da Folha, a Central Globo de Comunicação não quis responder às críticas feitas ao quadro do "Zorra Total", e informou que "não vai alterar em nada" o seu conteúdo.
Fonte: Folha de São Paulo
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