quarta-feira, 10 de junho de 2015

#Meninapodetudo: uma campanha para acabar com o machismo

Como explicar para uma menina de 12 anos que ela pode ser assediada sexualmente? Que ela pode ser estuprada se andar sozinha à noite na rua? Que ela é socialmente inferior a um homem só por ser mulher?


Tenho uma irmã de 12 anos e, numa noite dessas, estávamos eu, ela e meus pais trocando umas ideias e chegamos ao assunto: assédio sexual no espaço público.

Comecei a alertá-la: Você vai ouvir coisas nada agradáveis de homens que se sentem no direito de acabar com a paz de uma mulher pra "elogiá-la". Dei algumas dicas: ande sempre de fone de ouvido pra tentar não ouvir coisas nojentas e ofensivas, responda quando achar que deve - mas pense que, em algumas situações, responder pode ser perigoso.

E daí, no meio do meu discurso, me liguei: cara, eu não deveria precisar fazer isso! Nenhuma mulher deveria ouvir avisos ou instruções de segurança caso seja assediada! Nenhuma mulher deveria ser assediada.

Lembro que eu tinha uns 6 anos quando um menino, que deveria ter a mesma idade que eu, passou a mão na minha bunda. O sujeito desde cedo foi educado a ser babaca e eu, a ter medo. Não fiz nada: fiquei assustada e envergonhada.

Aquilo não foi uma brincadeira de criança, foi a reprodução de atitudes adultas, de um comportamento machista e opressor. Os homens não nascem machistas, aprendem a ser.


Ao trabalhar numa pesquisa realizada pela Énois, sobre como o machismo e a violência contra a mulher atingem as meninas das periferias do Brasil, tive a oportunidade de ouvir histórias de 7 meninas, que contaram, em um vídeo (veja o resultado abaixo), situações machistas que viveram. Ali, tive a dimensão do problema: o machismo atrapalha a vida de uma mulher com muito mais força do que eu poderia pensar.

O machismo faz uma mulher ser assediada na rua, tira dela oportunidades de emprego, de descobertas, acaba com a nossa autoestima, nossa segurança. Ele nos tira o direito de ir e vir. Tira nossa paz.

Quando mostrei o vídeo pro meu pai, ele disse: Aprendi muito com isso. Quando mostrei para a minha irmã, infelizmente, ela se identificou com algumas partes. E não foi só ela. Exibimos esse vídeo durante o Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres e ouvimos risos envergonhados da plateia sobre situações descritas pelas jovens entrevistadas.

Enquanto as mulheres se identificarem e viverem situações machistas e os homens ainda tiverem que aprender com as histórias, precisaremos do feminismo, da militância, precisaremos, mais do que nunca, umas das outras.

Por isso, lançamos pela Énois a campanha #meninapodetudo, porque acreditamos que, sim, podemos tudo e podemos chegar onde quisermos. Convido você a acessar nossa pesquisa na íntegra, a assistir ao vídeo e a contar sua história nas redes sociais. Não esqueça, use a hashtag #meninapodetudo pra gente poder te encontrar .
Fonte: Brasil Post


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