Para termos um feliz ano novo temos que estar dispostos a
“matar” o que fomos e nascer de novo em cada momento da vida. Está aí um grande
desafio. Dos maiores, senão o maior de todos!
–por Rubem Alves-
“As cigarras passam a maior parte de suas vidas debaixo da
terra, alimentando- se das raízes das árvores. Disseram-me que há certas
espécies de cigarras que chegam a viver 15 anos debaixo da terra. De repente,
alguma coisa acontece, e surge dentro delas um impulso irresistível para mudar.
Saem então dos seus túneis, sobem pelos troncos das árvores, arrebentam suas
cascas, subterrâneas gaiolas, e se transformam em seres alados. Se elas não
abandonarem suas cascas não se transformarão em seres alados. Continuarão a ser
seres subterrâneos. Nossos demônios são nossas cascas. Abandonar as cascas é
esquecer a forma subterrânea de ser. A grande transformação das cigarras
acontece quando a morte se aproxima. É a proximidade da morte que lhes diz:
‘Chegou a hora de voar, cantar e fazer amor, para continuar a viver…’ Eu acho
que a morte é o único poder capaz de nos trazer vida nova. A consciência da
morte nos força a sair de nossas sepulturas, nos dá asas, nos convida a voar e
a amar.”
Fonte:www.rubemalvesdois.wordpress.com
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