Prostituta que inspirou livro de Roberto Drummond e
minissérie da Globo foi casada com jogador que passou pelo Atlético, São Paulo
e clubes do exterior.
Hilda Maia Valentim, a Hilda
Furacão, personagem que fez história em Belo Horizonte na década de 1950,
morreu nesta segunda-feira (29), no asilo público em que vivia, em Buenos
Aires, na Argentina. Fonte de inspiração para o personagem de Roberto Drummond e
a minissérie produzida pela Rede Globo em 1998, ela tinha 83 anos.
O Lar de Idosos Guillermo Rawson
confirmou à reportagem de O TEMPO que Hilda morreu nesta segunda-feira.
"Ela já vinha tendo algumas complicações de saúde. Agora, estamos
analisando como vamos fazer para providenciar o enterro", disse uma assistente
social do asilo, que é público e destinado a pessoas pobres.
De acordo com a assistente social responsável, a brasileira
Marisa Barcellos, Hilda não estava comendo há mais de uma semana e estava sendo
hidratada com sondas. "A Hilda morreu de morte natural, não morreu na rua
nem sem assistência", afirma Barcellos. Na terça (30), ela completaria 84
anos.
Não vai haver velório para Hilda.
Ela não recebia visitas de familiares. O corpo dela deve ser levado ao
cemitério de Chacarita, em Buenos Aires.
Nascida em Recife (PE), Hilda foi
com a família para Belo Horizonte ainda criança. Na juventude, tornou-se famosa
e era conhecida como a prostituta Hilda Furacão. Foi na zona boêmia da capital
mineira, especialmente no Hotel Maravilhoso, na rua Gaicurus, no centro da cidade,
que conheceu o jogador de futebol Paulo Valentim, então no Atlético, e que
também jogou no Boca Juniors, no São Paulo e no Atlante, no México. Eles se
casaram no fim da década de 1950, quando Hilda Maia acrescentou o sobrenome
Valentim.
Hilda e Paulo Valentim se conheceram em Belo Horizonte,
quando ele jogava no Atlético
A decadência do atleta teria
vindo por causa do vício em álcool e jogo. No México, Hilda e Paulo Valentim já
estariam pobres no início da década de 1970. Ela trabalharia como faxineira,
costureira e babá para sustentar a família. Paulo Valentim morreu em 1984, quando
Hilda passou a viver com o filho. Mas ela perdeu também o filho, em 2013. Sem
família, foi para o asilo depois de seis meses internada em um hospital por
causa de uma queda. Em entrevista ao "Fantástico" em agosto deste
ano, ela contou do amor pelo marido, das histórias da boemia, dos fazendeiros
que a pediram em casamento e deu uma justificativa para o apelido Furacão:
"Eu era brava".
Hilda Maia Valentim só foi
associada à personagem mítica recentemente, mas desde a década de 1990 já se
sabia que ela era real. Na época, o escritor mineiro Roberto Drummond revelou
que a personagem de seu livro tinha uma inspiração de carne e osso. "Hilda
existiu. Mas ela foi de tal forma mitificada e mistificada que se transformou
num boato. Um boato festivo, colorido, maravilhoso. O livro é contato através
desse boato", disse à época.
Fonte: O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário