terça-feira, 6 de maio de 2014

Europa pode ser “upgrade” na carreira de prostituta brasileira, diz antropóloga

A notícia ganhou destaque em toda a imprensa francesa, a respeito da prisão de um funcionário da Air France, acusado de manter uma rede de prostituição de brasileiras. 

O furo foi do jornal local Le Parisien, na semana passada. Também foram detidos a mulher brasileira do empregado da empresa aérea e um amigo do casal, também brasileiro.
Para a antropóloga Soraya Simões, ligada ao Laboratório de Etnografia Metropolitana da UFRJ e presidente da ONG Davida, criada há 20 anos para defender os direitos de prostitutas no Brasil, o caso pode estar ligado à política de contenção de imigração na França.

A denúncia partiu de uma jovem brasileira, que alega ter sido forçada a se prostituir desde 2010, quando chegou a Paris. Ela relatou à polícia francesa que recebia até cinco clientes por dia, cobrando 150 euros (cerca de 450 reais) por programa.

A Air France confirmou à Rádio França Internacional que um funcionário está sob investigação no caso, mas a empresa se recusa a fornecer mais detalhes.

Sonho europeu

“Não dá para saber se a pessoa foi constrangida a exercer uma atividade contra a vontade”, diz Soraya Simões. “Na França, por ser um país bastante visado por imigrantes, há muitas pessoas trabalhando em regime clandestino e até mesmo escravo, sem necessariamente ser prostituição. É um debate que tem a ver com políticas de contenção de imigração, sem a obrigação de envolver tráfico de pessoas”.

Ela lembra que há pessoas que desejam e procuram esse tipo de deslocamento, ou seja, viajar para a Europa. “No ramo da prostituição, para muitas mulheres e travestis, passar por cidades como Paris, Milão e Londres é quase um upgrade na carreira”, compara Soraya.

Fonte: www.portugues.rfi.fr

Nenhum comentário: