sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Mutilação genital afeta 140 milhões de crianças e mulheres em todo o mundo


A mutilação genital feminina afeta cerca de 140 milhões de crianças e mulheres em todo o mundo. Cada ano mais de 3 milhões de crianças correm o risco de sofrê-la e calcula-se que na Espanha cerca de 10.000 menores possam estar em risco.


A reportagem está publicada no jornal espanhol La Vanguardia, 06-02-2013. A tradução é do Cepat.

Os dados são da própria Organização Mundial da Saúde (OMS) e, embora custe a acreditar, pertencem ao século XXI. A ablação é realizada em 28 países africanos, apesar de estar penalizada em mais de 20 deles, além de em alguns países do Oriente Médio e Ásia, e em mais de 12 países industrializados com população imigrante.

No total, calcula-se que no mundo haja mais de 100 milhões de mulheres mutiladas. Por isso, e por ocasião do Dia Mundial da Tolerância Zero contra a Mutilação Genital Feminina, que é comemorado no dia 06 de fevereiro, organizações como a World Vision, Médicos do Mundo e o Conselho da Juventude da Espanha unirão suas vozes para sensibilizar sobre a importância de erradicar esta prática sofrida por milhões de mulheres pelo simples fato de serem mulheres.

No caso da Espanha, a legislação ampara a luta contra a ablação, e está tipificada como crime no Código Penal. Além disso, desde 2007, a lei espanhola inclui na categoria de ‘pessoas refugiadas’ as mulheres que fogem de seu país por motivos de gênero.

Apesar desta proteção legal, o Conselho da Juventude insta a “não baixar a guarda” e alerta que famílias de origem subsaariana que residem na Espanha possam praticar este tipo de violência.

A Amnistia está ainda preocupada com a possibilidade de as vítimas – adultas ou menores – não estarem a receber tratamento adequado na Europa, por falta de “linhas de orientação ou formação” sobre a proteção que lhes deve ser concedida.

Em Portugal, desconhece-se a dimensão do fenómeno. A base de dados sobre a matéria já foi elaborada pelos serviços de saúde, mas o tratamento da informação está ainda dependente de autorização da Comissão Nacional de Proteção de Dados.
Estima-se que 140 milhões de mulheres tenham sido submetidas à mutilação genital feminina em todo o mundo e que três milhões de meninas estejam em risco anualmente.

Lesões irreversíveis
A prática, que causa lesões físicas e psíquicas permanentes, é mantida em cerca de 30 países africanos, entre os quais a lusófona Guiné-Bissau, onde se estima que 50 por cento das mulheres sejam afetadas.
A mutilação genital feminina é feita de diversas formas: em algumas corta-se o clítóris, noutras os grandes e os pequenos lábios. Uma vez concretizada, é irreversível e se a vítima sobreviver irá sofrer consequências físicas e psicológicas permanentes.
Além do sofrimento que as mutiladas sente no momento do corte, o processo de cicatrização é acompanhado com frequência por infeções, devido ao uso de utensílios contaminados, e dores ao urinar e defecar. A incontinência urinária e infertilidade são outras das sequelas.
O facto de serem usadas as mesmas lâminas para mutilar várias crianças aumenta o risco de se contrair o vírus da SIDA.
Além da mãe, também os recém-nascidos podem sofrer com a mutilação. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a taxa de mortalidade infantil é mais elevada em 55 por cento em mulheres que sofreram uma mutilação de tipo III (a infibulação, que consiste em fechar a abertura vaginal).



Fonte: Ihu

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