sexta-feira, 4 de maio de 2012

Violência contra mulheres: Relatório divulga dados sobre denúncias encaminhadas ao ‘Ligue 180’


Ao contrário do que se pode pensar, os agressores são homens que conhecem bem as mulheres e têm considerável tempo de relação com as vítimas. Prova disso é que em 7.761 (42,6%) casos o agressor tinha dez anos ou mais de relacionamento com a denunciante.

A Secretaria brasileira de Políticas para as Mulheres (SPM) apresentou na última sexta-feira (27) em Brasília, Distrito Federal, um balanço trimestral do trabalho da Central de Atendimento à Mulher – o Ligue 180. A exposição dos dados é uma forma de mostrar à sociedade e ao poder público as tendências com relação aos casos de violência de gênero no período de janeiro a março deste ano.

Durante estes meses, a Central Ligue 180 registrou 201.569 atendimentos. Deste total, 24.775 foram denúncias de violência. A violência física, - que engloba desde lesões leves até assassinato - segundo aponta o relatório da SPM, continua no topo das reclamações. Foram 14.296 atendimentos (58%) relatando este problema. Destes casos, 13.296 foram classificados segundo o risco percebido pela vítima. Em outros 7.000 casos a violência representou risco de morte para as mulheres e em 6.025 atendimentos as mulheres relataram ter sofrido espancamento.

Além da violência física, a Lei Maria da Penha também considera outros quatro casos, que são: violência psicológica (3.305 casos registrados pela Central de Atendimento), violência moral (2.973 casos), sexual (460 denúncias) e violência patrimonial (425 ocorrências).
 Os executores destas agressões contra as mulheres continuam sendo os parceiros, situação registrada em 12.970 casos, ou ex-parceiros, como a Central registrou em 2.451 atendimentos. Em 24.775 denúncias de violência, com exceção de 11.245 casos não informados, em 65,9% (8.915) dos casos as mulheres informaram que os/as filhos/as foram testemunhas das agressões contra a mãe. O balanço da atuação da Central de Atendimento à Mulher também mostrou que em 24,5% (2.580) das situações de violência as crianças também foram agredidas.
Ao contrário do que se pode pensar, os agressores são homens que conhecem bem as mulheres e têm considerável tempo de relação com as vítimas. Prova disso é que em 7.761 (42,6%) casos o agressor tinha dez anos ou mais de relacionamento com a denunciante. Em 3.422 (18,8%) tinha entre cinco e dez anos de relação afetiva e em 1.875 (10,3%) entre um e dois anos de relacionamento.
Dentre as orientações da Central de Atendimento está o encaminhamento das ocorrências ao serviço público. De janeiro a março, o Ligue 180 fez 52.788 encaminhamentos à segurança pública, sendo 60% para a emergência 190 e 23% para as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam).

Ligue 180
A Central de Atendimento à Mulher foi criada em 2005 pela SPM e desde esta data já realizou mais de dois milhões de atendimentos de casos relacionados à violência de gênero. O Ligue 180 funciona 24 horas, todos os dias da semana, até mesmo nos feriados. Ao acessar este serviço, as mulheres recebem informações sobre o que devem fazer caso sejam vítimas de algum tipo de violência.
Desde novembro do ano passado, o serviço também funciona desde a Espanha, Itália e Portugal. Em apenas quatro meses, a Central recebeu cerca de 70 ligações de brasileiras no exterior e realizou 18 atendimentos.

Fonte:  Natasha Pitts, da Adital

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