sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Arábia: uma pequena vitória das mulheres


A partir da passada quinta feira, o reino da Arábia Saudita autorizou que as mulheres possam trabalhar como vendedoras em lojas de roupas íntimas, função que até hoje era permitida somente aos homens. A mudança era reivindicada pelas sauditas através da internet, já que muitas se sentiam desconfortáveis de comprar lingeries com um vendedor do sexo oposto.

A decisão sobre a autorização foi outorgada pelo rei Abdallah II, que tem implementado tímidas mudanças nas rígidas regras sociais da Arábia Saudita, um dos países mais conservadores do mundo e onde a segregação dos sexos é estritamente imposta. Apesar do avanço, as clientes continuarão impedidas de experimentar as peças: o uso das cabines nas lojas é proibido para mulheres.
 O decreto, promulgado em junho, havia estabelecido um prazo de seis meses para que as lojas de roupas íntimas alterassem o quadro de funcionários, substituindo os homens – a maioria asiáticos – por vendedoras sauditas. Tudo começou por uma campanha, lançada há mais de um ano via internet, pelo boicote das lojas com atendentes homens.
“Foi para colocar um ponto final ao embaraço das mulheres, que devem questionar um homem sobre o tamanho da sua lingerie”, explicou Rim Assaad à agência AFP.
Em suas páginas na internet, as sauditas já comemoram a entrada em vigor da nova regra, que começa a ser adotada em outros tipos de lojas de roupas femininas ou cosméticos. “Fim dos transtornos”, diz Fátima Qaroub, que também lançou uma campanha para tornar mais femininos os empregos em estabelecimentos para mulheres.
O ministro do Trabalho do país, Adel Faqih, disse que mais de 7,3 mil lojas deverão empregar mulheres, o que deve criar 44 mil empregos para as sauditas. Por enquanto, mais de 28 mil candidatas já se apresentaram ao ministério para preencher os novos postos.
 O governo destacou 400 inspetores do Trabalho para verificar a aplicação do decreto, a partir de quinta-feira. Mas a novidade não agrada a todos: o mufti (líder muçulmano para as questões jurídicas) da Arábia Saudita, xeique Abel Aziz Al-Cheikh, reclamou que a alteração no funcionamento das lojas vai expor as vendedoras ao contato direto com os gerentes dos estabelecimentos. “As mulheres vão vender e contar dinheiro, o que é contrário à religião”, acrescentou. Há três anos, os lideres religiosos mais conservadores haviam conseguido bloquear uma decisão semelhante, relacionada a outros tipos de comércio.

Fonte:  AFP

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