quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Já existem mulheres que usam calcinha e sutiã quando querem, por amor, vontade e desejo. Fiquemos com essas!"

A Agência Patrícia Galvão repercurte a polêmica sobre o pedido de suspensão da campanha "Hope ensina", feito pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e por mais de uma dezena de consumidores ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária). Na peça, a modelo Gisele Bündchen usa calcinha e sutiã para "ensinar" as mulheres a utilizar o corpo para amenizar as reações de seus companheiros diante de "más notícias".
 “O maior espanto não é a publicidade de lingerie fazer um anúncio como esse. O maior espanto é ver Gisele Bündchen, uma mulher autônoma, independente, ser usada por uma propaganda de uma mulher tão dependente, que precisa de uma lingerie para dizer para o marido que bateu o carro. Já existem mulheres que usam calcinha e sutiã quando querem, por amor, vontade e desejo. Fiquemos com essas!”. Nádia Rebouças, publicitária e diretora da Rebouças e Associados


“Errado! Sátira com lingerie em publicidade é blefe!"
Jacira Vieira de Melo - diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão – Mídia e Direitos "A campanha da Hope, com Gisele Bündchen, se diz lúdica, mas é discriminatória e estereotipada. Mais uma vez um grande anunciante soma-se a uma modelo de destaque para lançar uma peça publicitária com o claro objetivo de suscitar polêmica. Foi assim com a campanha da cerveja Devassa, protagonizada pela socialite Paris Hilton. A polêmica em torno de uma campanha já é parte inerente da estratégia de mercado.
A ação da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal junto ao Conar está em total consonância com o que ocorre nas democracias mais consolidadas do planeta. Nas últimas décadas, organismos de defesa dos direitos das mulheres na Inglaterra, Alemanha, França e Itália têm interpelado anunciantes com campanhas publicitárias degradantes, humilhantes e discriminatórias às mulheres. E é importante notar que, na maioria dos casos, está em questão o uso da sexualidade feminina como chamariz.
Mais grave ainda é a repercussão que esse tipo de publicidade pode ter sobre os jovens, garotos e garotas. Este talvez seja o efeito mais nefasto de campanhas como essas. Com um grau de liberdade sem limite e sem metáforas, a Hope oferece “solução” para diversas situações de conflito: use calcinha, sutiã e voz sensual. Ofereça prazer e tudo estará resolvido, certo? Errado! As mulheres exigem respeito!"

"A propaganda agride a cidadania e o direito das mulheres brasileiras"
Eleonora Menicucci, socióloga e professora do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp. “Sou favorável à manifestação contra a propaganda da Hope porque ela agride a cidadania e o direito das mulheres brasileiras ao usar o corpo como instrumento de jogo de mercado. A Secretaria de Política das Mulheres, ao tomar a iniciativa de acionar o Conar, órgão de autorregulação da publicidade, está agindo de forma democrática, pois coloca em debate uma peça publicitária polêmica e discriminatória.”
Fonte: Agência Patrícia Galvão

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